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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sem palavras sem canções

"Eu queria poder te dizer sem palavras. Eu queria poder te cantar sem canções", são versos bonitos, poéticos, encantadores de um poeta mineiro, chamado Vander Lee. Com certeza já o citei aqui, não sei se exatamente com esses versos, mas já o citei aqui. Me encantam porque "dizer sem palavras" é tão próximo de "dizer cem palavras", quanto porque canções são feitas justamente para cantar, mas o eu-lírico quer cantar sem canções (sem contar a possível troca de sem por cem).

Esses versos me vêm à mente em razão de uma experiência que tive hoje. Antagônicas experiências que me fizeram pensar sobre o falar, pensar sobre o que falar, pensar sobre por que falar, pensar antes de falar e pensar em falar hoje aqui no blog. A gente não tem mesmo uma clara noção do imenso bem que é essa faculdade de falar, e muito menos do poder que temos quando praticamos o exercício da fala. Poder expressar o mundo e poder expressar o nosso mundo por meio da fala é um privilégio, um dom, um poder...

Havia levado meus alunos para a biblioteca da escola, a fim de fazê-los ler crônicas não só para entrarem em contato com o gênero, mas também para poderem escrever sobre as crônicas em si e, sobretudo, para falarem acerca dos temas retratados nos textos. Apesar de a maioria aproveitar bem a oportunidade, alguns insistem em falar fora de hora, falar o que não se deve, do modo como não se deve... Aí entra a gente para ensinar que falar não é coisa que se desperdice.

Em meio à atividade e enquanto eu passava entre os grupos orientando-os, fui chamado pela bibliotecária que queria me falar sobre uma aluninha, muito novinha - talvez do 5ºano - que, se no ano passado falava muito pouco, neste ano já não fala nada. Ela pediu que eu fosse estar um pouco com a menininha e tentar conversar com ela. Tentei muito, de muitas formas. E ela interagiu comigo. Atendeu a tudo que pedi. Mas não ouvi a menor palavra da boca dela. Ela me disse sem palavras. Ela cantou sem canções.

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