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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dois ouvidos, uma boca

"Eu não sei dizer nada por dizer. Então eu escuto. Se você disser tudo que quiser, então eu escuto. Se eu não entender, não vou responder. Então eu escuto. Fala." Não há como não para pra ouvir o que está cantando o Ney Matogrosso, desde os tempos de Secos & Molhados.

Ouço e toco com alguma frequência, não só pela beleza da letra, bem como eu admiro: simples e complexa, mas também pela beleza da melodia - igualmente simples - e, sobretudo, pela limpeza da voz do Ney, que embeleza qualquer música. Ela me leva até minha infância, época em que ouvia minha avó - D. Elvira - me ensinar que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca, justamente para ouvirmos mais e falarmos menos.

Foi do que lembrei hoje ao ouvir um colega que está muito sentido por ter de viajar por 4 dias e deixar seu filho em São Paulo com a mãe. Na verdade, não sabia se quem estava sofrendo mais era ele ou o filho. Não se trata de uma situação incomum. Sugeri uma estratégia para que ele e o filho reduzissem a angústia da ausência: ele podia pedir ao filho que adivinhasse o presente que ele compraria ou faria para o garoto em cada dia. Por sua vez, ele - pai - adivinharia o que o filho teria feito para o pai em cada dia.

Alguém ouvia nossa conversa e pediu para interferir. Claro que lhe demos a palavra. De posse da voz, ele nos alertava para o "perigo" de estarmos ensinando o garoto a tratar a ausência com presentes e, por conseguinte, desenvolvendo uma visão capitalista, consumista no garoto... Em plena discordância e quase desesperado, o pai respondeu que aquilo só acontecia - quando muito - uma vez por ano. Então eu me lembrei da música do Ney: "se eu não entender, não vou responder. Então eu escuto".

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