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domingo, 15 de setembro de 2013

Há um segundo

"Há um segundo, tudo estava em paz", canta Hebert Viana, do Paralamas do Sucesso, na música Cuide Bem do Seu Amor. O próprio Hebert pode dizer isso com muita propriedade, tanto pela poeticidade do que diz para uma música quanto, sobretudo, pelo fato de ele ter estado entre a vida e a morte. Quando tudo estava em paz, literalmente voando com sua mulher, um acidente: ambos despencaram. Ela morreu. Ele ficou tetraplégico.

Poderia seguir com Lulu Santos, para quem, "tudo muda o tempo todo no mundo. Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo". Mas correria o risco de ser um lugar-comum - o que, para mim, é o de menos, uma vez que realmente as coisas mudam e mudam o tempo todo. A gente muda e muda o nosso mundo. Sem a menor sombra de dúvida, também muda o mundo, que muda a gente.

Camões, também falou, e muito bem, da mudança. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda o ser, muda a confiança", dizia o poeta português, na parte lírica de sua obra, ressaltando principalmente o lado ruim das mudanças ("Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança"). E não estava errado o clássico poeta, se considerarmos sua vertente predominantemente narrativa.

Os poetas não se decidiram se falam de si ao mundo, ou se falam do mundo a si mesmos. O fato é que hoje, quando tudo estava em paz, há um segundo, de repente um dos amigos sofreu um infarto. Era hora de mudar o foco - e tínhamos minúsculos segundos para agir: em vez do churrasco, da cerveja e da conversa super agradável, a massagem, o medicamento e o telefonema para os médicos. Bastou um segundo para nos vermos todos envolvidos na dura missão de devolver a paz e de gerar condições para que tudo voltasse a estar inteiro.

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