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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Palavras de Reis e Plebeus

"Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! Todo o sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria e derrota..."  são versos de Cecília Meirelles que integram o Romanceiro da Inconfidência, texto em que, valendo-se dos recursos poéticos, consegue contar uma versão do que teria sido a Inconfidência Mineira. Não conheço esses versos cantados. Mereciam...

Sim, porque as palavras de vez em quando pulam em cima da gente e provocam em nós coisas que fazem mais bem que um dia de sol; mais bem que mergulho em alto mar, saltando de escuna; mais bem que remédio; mais bem que namoro; que detona o tédio e converte o choro não em uma, mas em centenas de milhares de  risadas - risadas que as próprias palavras não conseguiriam traduzir.

Quem lê peças shakespeareanas, Henrique III, por exemplo, encontra discursos eivados de ânimo, transbordando vida e energia, persuadindo até o mais covarde a se sentir forte como o mais alto guerreiro, a fim de defender ideias, valores, condados, nações. Mas nem toda palavra precisa ser proferida da boca de reis para fazer a vida brotar e irromper os grilhões do conformismo ou da resistência.

Às vezes, palavras recheadas com o espírito da vida saltam da boca de plebeus. Vêm-nos por exemplo da boca de colegas de trabalho dos quais jamais esperaríamos ouvir; às vezes vêm de  recém-conhecidos que, por alguma razão se sentem motivados a dizer e, simplesmente, dizem... sem saber que estão injetando vida com as palavras. Às vezes vêm de filhos - uma fonte onde muitos pais não depositariam a esperança de ouvir - e parecem vir com a força da vida que foi exigida para fazê-los existir. "Ai, palavras, que estranha potência a vossa!"

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