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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Aprender é vital

Janaúba nunca foi uma cidade onde chovesse muito. Se me lembro bem, naquele distante lugar, a cerca de 500km de Belo Horizonte, no norte de Minas Gerais, não chovia mais que três vezes ao ano. Também quando despencava por lá a água do céu, era aos montes. Tanto, que as ruas ficavam todas tomadas pela lama que se formava, ao lado de diversas poças d'água barrenta que costumávamos saltar na minha infância. Os rios, afluentes do São Francisco, transbordavam e convidavam a gente para o perigoso ato de nadar. Perigoso, porque, encobertos pela água, os galhos e outros obstáculos, poderiam ferir o corpo de um desavisado nadador.

Mas eu não sabia nadar e não me conformava com isso. Todos os meus amigos não só nadavam, como pulavam do alto dos barrancos, movimentando tanto a adrenalina no corpo, quanto a água no rio. Foi, então, que, cheio do desejo de aprender nadar, fui para o rio com meus amigos. Lembro bem de falar com o Rubens (o mais experiente de nós todos) algo que mudou minha vida: eu ia tentar nadar sozinho. Mas como eu não sabia fazer aquilo, pedi que ele ficasse atento e me salvasse, caso isso se fizesse necessário.

E se fez. Na primeira vez que me atrevi a conduzir meu corpo a um espaço do rio onde meus pés não tocavam o chão, eu durei pouco sobre a superfície daquelas águas fundas e agitadas. Afundei, demorei para vir à tona e, quando emergi, foi em desespero, batendo mãos e pés desordenadamente. Essa situação crítica se manteve até que o Rubens (que chamávamos de Bão) viesse me salvar. Retomado o ar, equilibrados os batimentos cardíacos e os pensamentos postos em ordem, o desejo de aprender a nadar me chamou de volta. E fui de novo para o fundo. E outra vez me afogava e era salvo pelo Bão. Acha que aprendi? Não. Nem a respeitar o perigo nem a nadar.

Fui para a terceira tentativa, não sem antes ouvir de Bão a orientação: "Cê pode ir, mas dessa vez eu não te salvo". Valiosas palavras, que jogaram sobre mim a total responsabilidade pelo que eu queria aprender. Não pensei duas vezes: fui. E num misto de desespero controlado, desejo intensificado e alguma consciência de meus movimentos, consegui me sustentar sobre a água em lugar fundo. Dali pra cá, nadar se tornou algo super significativo para mim. Aquela situação adidática de aprendizagem foi incrivelmente marcante e inesquecível, dado o tanto de carga emocional que ela carregava (ímpeto, desafio, medo, alívio, superação...). 

Vi que às vezes aprendemos sozinhos; às vezes observando os outros; às vezes na interação didática ou adidática. Enfim, vi que aprender é, literalmente, vital. Em Janaúba e em qualquer outro lugar neste mundão de meu Deus.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Aprender o autocontrole


Neste ano, os textos deste blog serão dedicados a relatos de experiências do dia a dia que sejam capazes de nos ensinar a aprender. Esta será a intenção de escrita de cada um deles: propiciar condições para que possamos aprender a aprender. Talvez nisso resida o grande segredo ainda pouco explorado da educação: saber aprender é mais importante do que saber o conteúdo aprendido.


Uma das principais coisas a se pensar é que aprender depende de algum tipo de experiência, a qual pode envolver outra pessoa – ou não. É possível aprendermos sozinhos e é possível aprendermos tanto no contato direto com outra pessoa, quanto no contato com o que alguém escreveu, mostrou, relatou, compartilhou etc. O fato é que, quanto mais vivemos, mais aprendemos e, por sua vez, quanto mais aprendemos, mais vivemos. Sim, a consciência das coisas ao nosso redor e do nosso interior nos torna seres humanos mais capazes de conviver.


Em um dos momentos mais complicados da minha vida pessoal, eu me via enredado por pensamentos autodestrutivos que me faziam pensar negativamente. Precisava aprender a me libertar daquela situação psicológica e emocionalmente ruim. E foi correndo, literalmente, que encontrei a solução e aprendi a não ser dominado pelos pensamentos. Corria no Jardim Botânico bem cedinho e, vendo o sol atravessar os pequenos espaços entre as folhas das grandes árvores e clarear o lago sereno que estava ao meu lado, não tive dúvidas: eu precisava mudar o foco e passar a valorizar as coisas boas e bonitas da minha vida e tirar o foco das ruins. Não significa dizer que as ruins deixaram de existir, mas que deixaram de ter minha atenção.


Isto é, sozinho aprendi a me libertar de uma situação que me fazia mal e me puxava pra baixo, de tal modo que a vida tinha passado a ser sem graça. Essa simples, mas radical mudança de atitude se estendeu para outras áreas: parei de escutar músicas tristes, passei a ler coisas que me traziam ânimo, preferi falar e fazer coisas que me faziam bem. Meu ânimo mudou, minha disposição mudou, minha vida mudou. E mudou pra melhor. Por quê? Porque aprendi, sozinho, a exercer algum controle saudável de meus pensamentos e de minhas emoções.


Nos próximos textos, trarei mais experiências (minhas e de outras pessoas) que possam nos dar dicas de como aprender a aprender.