Valeu a visita!

Daqui pra frente, divirta-se trocando ideias comigo.
Conheça meu outro blog: http://everblogramatica.blogspot.com.br

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Alienista

"Dizem que sou louco por pensar assim. Se eu sou muito louco por eu ser feliz, mais louco é quem me diz e não é feliz"... inesquecíveis versos da Balada do Louco, dos Mutantes. Saudosos Mutantes, há pouco retomados por Zelia Ducan, num projeto muito bonito. Seja na voz da Rita Lee, seja na voz do Ney (mais recentemente), a música tem um poder elocutivo impressionante: ela diz muito. Muito mesmo.

Quem sou eu para julgar se alguém é louco ou não. Sequer sei o que a loucura é. Como escrevi ontem, tênues são as fronteiras entre as coisas, de modo que, para mim, as coisas não são opostas entre si, mas complementares. Vou sair então do termo 'loucura' e ficar no termo 'esquisitice'. Isso sempre me lembra minha filha menor, que, com dois anos e diante de um senhor (mal) fantasiado de Papai Noel, abriu e ergueu sua mãozinha para dizer: "Que Papai Noel esquisito!".

Pois me vi numa situação dessas hoje. Voltava para o escritório à tarde, quando, da calçada, olhei para dentro de uma loja e vi uma moça por trás do balcão, batendo as mãos em posição invertida por sobre a cabeça, como quem aplaude e boceja ao mesmo tempo. Claro que não parei de andar para olhar melhor e tentar entender que gesto era aquele. Simplesmente continuei meu trajeto rindo e, literalmente, falei algo como "que pessoal esquisito".

Quando levantei a cabeça novamente, me deparei com pessoas que vinham na direção contrária à minha. Elas me olhavam como quem olha algo incompreendido. Também, pudera: um sujeito andando, balançando a cabeça e falando sozinho... Enfim, que situação: eu achando esquisito o gesto da moça; as pessoas achando esquisito o meu gesto. Sei, não. Na minha época, Silvio Brito cantaria "Tá todo mundo louco, oba!". Bem aquilo que pensava O Alienista, de Machado de Assis, não?

Nenhum comentário:

Postar um comentário