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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Tem, mas acabou

"Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria", canta Djavan em uma de suas muitas músicas que admiro. Já fiz a ele muitos elogios aqui e algumas críticas também. Esses versos dele vêm a propósito de uma cena que vi hoje no banco (sim, ainda vou a bancos), quando o caixa perguntou ao senhor preferencial ao meu lado: O senhor prefere em notas de 100 ou de 50?

Já achei estranho fazer aquela pergunta de modo que outra pessoa pudesse ouvir. Ainda mais curiosos como eu, que permitem à linguagem fazer mirabolantes voltas em busca de sentidos que não estão no contexto específico da cena vivida. Pois me coloquei a observar aquela cena. À pergunta, respondeu-se: de 100, por favor". Depois de alguns segundos e abre-fecha de gavetas, o caixa, muito gentilmente e com um sorriso no rosto, emendou: desculpe, mas não tenho o suficiente para lhe dar toda a quantia em notas 100.

Claro que a situação se resolveu de acordo com o bom espírito daquele senhor, que não se importou em receber notas de valores diferentes. Problema algum mesmo. Mas a minha cabeça ficou a girar, girar a 50 e a 100 por hora. Fiquei silente aguardando minha vez de ser atendido, enquanto pensava em quantas vezes a gente acha que pode dar mais do que tem. Há momentos em que precisamos dizer como os mineiros do Pato Fu "Tem, mas acabou".

Falsas expectativas fundadas num mar de boa-vontade que nos levam a pro-meter, a pôr adiante, a nos comprometer em dar além aquilo que não tínhamos. Ou será falta de autoconhecimento, ou uma impressão errada? É óbvio que para as pessoas de bem, a quem dedicamos nossa mais profunda doação, queremos oferecer o que temos e o que não temos. Deve ser assim com todos, que também são pessoas de bem: se a gente tivesse mais alma pra dar, daria.

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