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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Não enche

"Oh, pedaço de mim. Oh, metade afastada de mim. Leva o teu olhar, que a saudade é o pior tormento. É pior do que o esquecimento. É pior do que se entrevar". Esses são versos da música Pedaço de mim, do Chico Buarque. Em minha modestíssima opinião, um texto que guarda as mais belas e mais doloridas metáforas para a dor da perda, para o sentimento de falta.

Coloquei-me a pensar hoje a respeito desta pergunta tão pertinente, tão capciosa, tão inadequada e tão preciosa: o que é que te falta. Lembrei-me também do bom e velho Aristóteles, que há quase 400 anos (a.C) já havia revelado que mais da metade das chances de se resolver um problema está na capacidade de identificá-lo com precisão. Quer dizer: saber identificar um problema precisamente já representa mais da metade da possibilidade de resolver.

Às vezes o sujeito passa o dia com um milhão e trezentos afazeres, se enchendo de coisas para preencher seu vazio. Muitas vezes, senão todo dia, quando o silêncio da noite cai sobre todos, despenca sobre ele o vazio indecifrável. Entre o escuro da noite e o silêncio que a envolve, os dentes cerrados à força e os olhos apertados, tentando fugir da escuridão que é maior atrás das pálpebras, produzem lágimas que mergulham em câmera lenta, a cântaros, o travesseiro paciente.

Se a falta é do coração que não pulsa mais no mesmo ritmo que o seu; se é a falta da realização profissional que passou ao largo; se é a falta do título que não veio com os estudos; se é a falta da pessoa que passou a integrar outra dimensão da existência... se é a falta de tudo isso junto ou se é a falta simplesmente de si mesmo, não se saberá jamais. Só se sabe que está a ponto de se entrevar. E a falta é bem pior do que isso.

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