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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Telas: tê-las e vê-las

"Pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela, quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado. Remoto controle" são versos muito bonitos cantados pela Adriana Calcanhoto, voz limpa e acompanhada de um violão sempre muito bem tocado em cordas de nylon. Os versos me fazem pensar nas coisas que enxergamos a partir da perspectiva de onde estamos: o quarto, o carro, diante de uma tela ou de uma janela. Esses quadros, essas telas nos fazem ver a nós mesmos.

Bom seria, muito bom seria, se, quando essas imagens se mostrassem a nós, nós pudéssemos ter à mão um controle remoto para alterar a maneira com que uma imagem se afigura diante de nós. Ou alterar a imagem ou mesmo substituí-la por outra que seja mais agradável, e que pode estar mais à frente ou mais atrás. Se não alterar nem substituir, ao menos acelerar a velocidade de visualização, para que pudéssemos contemplá-la com mais vagar, ou para que pudéssemos vê-la apenas de relance.

Mas o que é mais legal, e nisso está a graça de observar a linguagem em seus meandros e nuances, é o fato de que Adriana Calcanhoto canta "Remoto controle", e não controle remoto. Com o controle remoto, seríamos bem capazes de manipular as imagens conforme nossos interesses pessoais. Entretanto, seja do quarto, do carro, diante da tela ou da janela, quando tais imagens se colocam diante de nós, o que temos é apenas um remoto controle do que elas nos causam.

É assim, eu penso, a vida: um conjunto de quadros pintados ora por nós mesmos, ora por outros. Um amontoado de tintas sobrepostas, lançadas ou docilmente desenhadas sobre uma tela que chamamos de memória, uma tela diretamente ligada às nossas emoções, tanto eufóricas quanto disfóricas. Telas de artistas, telas de crianças, telas de iniciantes, telas que talvez sejam retratos de nós mesmos. No fundo (da memória), no quarto, no carro ou na janela, é bom vê-las, é bom tê-las.

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