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terça-feira, 5 de março de 2013

Teto de vidro

"Quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra" é o refrão da música Teto de Vidro, da Pitty, essa roqueira baiana cheíssima de energia, inteligente e surpreendente tanto nas histórias que conta sobre sua carreira, quanto na guinada que deu nesta mesma carreira, ao gravar o disco Agridoce, com um estilo completamente diferente do seu rock habitualmente pesado. Para se ter uma ideia, um de seus refrões nesse disco: "o mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você".

Os dois refrões que citei acima me fazem pensar uma série de coisas que têm a ver com o percurso de vida de muita gente. Por certo, conhecemos muitas pessoas que, em razão da educação que receberam, mantiveram um conjunto de comportamentos em tudo adequados: no seu comportamento familiar, nos seus relacionamentos pessoais, profissionais, estudantis etc. Pessoas que, a partir daquele "ponto de mutação" (Fritjof Capra) começam a considerar a possibilidade de o errado ser o certo por um instante.

Quantos pais perfeccionistas, certinhos, não ouviram a recomendação de ensinar seus filhos a fazerem algo minimamente errado para que provassem uma "alegria fugaz, uma ofegante epidemia" por (sei lá o quê!) comer doce fora de hora, tocar campainha e sair correndo, olhar na prova do amigo o que nem com reza brava conseguiria lembrar. Quantos outros, pais ou não, já não ouviram esse mesmo conselho para si próprios e tiveram vontade de (sei lá o quê).

Muitas vezes o superego, de que falava Freud, fala mais alto. E é bom que assim o seja, porque contribui para a coesão social. Me perguntaram outro dia se pode ser bom, uma vez ou outra, o ego ser agradado pela satisfação de um desejo de id, mesmo que se passe pela experiência de ser teto de vidro e receber pedradas por se ter comido um pouco a mais, ter exagerado (um pouquinho) no doce ou na cerveja, ter falado um pouco além da conta. Sei lá, respondi. Conjecturas de quem não tem teto de vidro.

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