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quinta-feira, 7 de março de 2013

Novo?

"Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?", pergunta Renato Russo na música Quase sem Querer. Isso até foi tema de uma aula que dei na pós-graduação hoje: pelo princípio do dialogismo e também da polifonia de Bakhtin, todo e qualquer enunciado é sempre a réplica a um discurso que já existiu. Mas o que me faz lembrar dessa música é outra coisa. É a inquietação que essa pergunta provoca. Às vezes a gente acha que está inovando ou que vai inovar.

Hoje numa aula que ministrava vivi uma experiência que de vez em quando se apresenta para mim. Tinha planos de uma atividade avaliativa para o final do curso e embora, na primeira aula, já tivesse até comentado com os alunos o que pretendia fazer em termos de avaliação, não dei detalhes, porque achei que estaria inovando. Por essa razão, julguei melhor dar a informação aos poucos. Entretanto, a informação que eu ia completar na segunda aula foi desbancada pelo comentário de um aluno. Ele não sabe disso nem saberá, evidentemente. Agora penso em como readequar minha proposta para aquilo eu achava ser novidade.

Experiência semelhante eu tinha vivido à época da graduação, quando  fazia o curso de Letras. Por alguma razão, a ideia de produzir um livro me encantava. Já tinha até tema definido, mas queria escrevê-lo quando estivesse mais maduro tecnicamente em termos de poesia. No entanto, tal não foi minha surpresa quando na disciplina de Literatura Portuguesa eu entrei em contato com uma poetisa fantástica: Florbela Espanca. Ela, já no início do século passado, havia escrito o que eu gostaria de ter produzido.

Eu bem sei que no reino do discurso nada há de novo, de autêntico mesmo, de original. Que tudo que há são enunciados de discursos que retificam ou ratificam discursos já feitos. Talvez num efeito de prisma, tudo deva ser já existente, mas visto por ângulos diferentes. Realmente é uma pergunta para se pensar: "quais são as palavras que nunca são ditas?"

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