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quarta-feira, 27 de março de 2013

Sentimentos gêmeos

Neste ano fui agraciado com uma considerável quantidade de gêmeos como alunos. Em 50% das minhas salas deste ano há gêmeos. Engraçado também que em uma das salas, há cinco Vitor e uma Vitória. Com toda certeza e com todo meu gosto por trocadilhos, não posso deixar de dizer que se trata de uma sala "vitoriosa".

- Ah, não!!! Para! Para! Para... apelou, para! Pelo amor de Deus, Ever, que que é isso?

- Ô, FG pensa comigo: '-oso' quando está no final de uma palavra não significa plenitude, quer dizer, não significa alguma coisa cheia de? Assim: cheiroso é repleto de cheiro; gostoso é cheio de gosto. Logo, vitorioso é cheio de Vitor!

- Não, não. Para, Ever, que ce tá muito graçoso! Cheio de querer fazer graça...

Mas no fundo eu sei que ele gostava dos trocadilhos e se encantava com as possibilidades propiciadas pela linguagem. Dava muita risada... depois que entendia... porque às vezes, demorava pra captar. Muitas vezes, até arriscava fazer alguns, como no caso acima. Para minha surpresa, a atenção do meu amigo havia recaído mais dobre os gêmeos do que sobre os tantos Vitor que eu tinha como alunos. E me perguntou:

- Ever, será que é verdade mesmo que os gêmeos têm um negócio de sentir o que o outro sente? Será que quando um está triste, o outro também fica? Será que tem aqueles premonições de quando um vai sofrer alguma coisa? Como é, Ever, você já perguntou para esses gêmeos todos que você dá aula?

Acho que os gêmeos devem responder a uma pergunta como essa a cada pessoa nova que conhecem. Também perguntam se já se aproveitaram de uma situação para trocarem de lugar entre si (fazer prova, namorar etc.). Como eu já tinha conversado com os alunos sobre isso e sobre tantas outras coisas, foi fácil responder. Disse a FG que depende do grau de envolvimento que os irmãos têm entre si. Se for bastante intenso, os gêmeos costumam compartilhar alguns sentimentos.

Foi como se, ao fazer aquela revelação, meu amigo tivesse "apanhado à beira mar um táxi pra estação lunar". Foi esta a impressão que ele me deu ao assentir com a cabeça. Parecia concordar com o que dizia. Parecia concordar com algo que ele mesmo pensava. Daí me veio outra pérola, como é típico de FG:

- Cê tá dizendo, então, que para um gêmeo sentir o que o outro sente, depende menos do fato de serem gêmeos do que do fato de terem grande afinidade?

- Sim, senhor, foi isso que me disseram. Por quê, FG? Você acha o quê?

- Então, Ever, isso significa que talvez nem precise ser gêmeo para sentir um pouco do que um amigo da gente sente?

Como eu mesmo não tinha percebido que falei tal coisa, deixei que ele prosseguisse,,,

- Então, se é assim, mesmo sabendo que cada um de nós tem que viver seus próprios problemas, suas próprias angústias, quero dividir com meus amigos o quanto eles têm de bom, de vitória, de superação etc., mas não só isso: quero ter a possibilidade de dividir tristezas, preocupações, decepções etc.

- Mas dá, viu, FG? A sintonia das amizade faz isso mesmo. Sem que me digam nada, eu acabo percebendo quando meus amigos ou amigas estão bem ou não. Eles acabam deixando transparecer  pelo semblante, pelo gesto, por uma palavra, um tom de voz. E o mais curioso, FG, é que mesmo estando distantes, a gente consegue sentir pelo outro.

- Putz, Ever, bem que a gente podia simplesmente escolher as pessoas de quem a gente quisesse aliviar um pouco de dor e, pimba!, conseguir, não é? Saber, por quê? Porque tem dia que a gente é um caminhão de transporte grande e vazio. Tem dia que a gente é uma caixinha de fósforo carregando palitão de comida japonesa. É bem nessa hora que eu queria dividir com um amigo ou amiga bacana; uma pessoa vitoriosa,  uma pessoa pessoa, com certeza..

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