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sexta-feira, 15 de março de 2013

Cabeça de menino

Não me lembro de já ter citado Roberto Ribeiro aqui, mas alguns versos dele me vêm à mente agora. "Todo menino é um rei. Eu também já fui rei. Mas quá! Despertei". Penso isso várias vezes quando estou diante dos meus alunos. Não os da graduação nem da pós-graduação, mas os do Ensino Fundamental, meus alunos de 8º e 9º ano - mais especialmente os primeiros.

Não são poucas as vezes em que tenho de parar a explicação que faço em aula para trazer um de volta à atenção, porque está distraído... com aquela postura de quem está olhando fixamente para algo, mas não está vendo. Ou, senão, quando está distraído com alguma coisa (um aparelho eletrônico), um barulho exterior, uma conversa de algum colega, ou qualquer outra coisa.

Quem me conhece sabe que muito, mas muito, muito dificilmente mesmo eu perco a paciência. Muito raramente eu perco as estribeiras e falo o que não devo, ou falo o que devo em um tom absolutamente inadequado. Na hora que sinto o sangue subir, eu o refreio com a respiração, com o desvio do olhar e com o ajuste dos pensamentos. Penso naquilo que eu gostaria de falar e naquilo que o professor deveria falar. Opto pelo segundo. Às vezes, escapa o primeiro. Aí me arrependo e eu mesmo peço desculpas publicamente.

Claro, aí me vem a música do Roberto Ribeiro: "todo menino é um rei, eu também já fui rei". Nesta hora, fico pensando que há 30 anos, quando eu não tinha a maturidade de hoje, minha atenção também sofria com todos os estímulos, eu tinha dificuldades em me concentrar, eu também enxergava o mundo a partir de mim... enfim, eu era adolescente. Daí hoje, com a cabeça de hoje lembrando da de ontem, entendo melhor o aluno, o adolescente que está diante de mim todos os dias.

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