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terça-feira, 12 de março de 2013

Falar o quê?

"Eu presto atenção ao que eles dizem, mas eles não dizem nada" é um verso de uma das muitas boas músicas compostas por Humberto Gessinger, do grupo Engenheiros do Havaí. Já o citei aqui e citarei tantas vezes quantas forem necessárias para dar o input, o start ao pensamento que eu pretender desenvolver. As músicas sempre me dizem algo, sempre me trazem uma informação nova, muito embora muitas delas sejam antigas - como até é o caso dessa do Engenheiros. São músicas que dizem.

Uma das coisas mais importantes nesse nosso mundo de hoje é ter o que dizer. Naturalmente isso implica uma série de outras condições: para quem dizer, onde dizer, com que dizer, como dizer e para quê. Essas condições, somadas a outras, de natureza política e cultural, devem ser levadas em consideração quando se tem a responsabilidade pela palavra, quando se tem diante de si um conjunto de ouvidos e corações dispostos a investir tempo ouvindo. É preciso ter o que dizer e fazê-lo bem.

Por isso, eu estranho muito quando a opção das pessoas, sobretudo, daquelas que se encontram em posição sociocultural privilegiada, é falar de qualquer modo, procurando mais quebrar do que unir, mais impressionar do que efetivamente convencer e persuadir, mais chocar violentamente a superfície do que tocar profundamente a alma.

"Será que eu falei o que ninguém ouvia? Será que eu escutei o que ninguém dizia?", "será que eu falei o que ninguém dizia? Será que eu escutei o que ninguém ouvia?" - cantavam os Titãs há uns bons anos. É bem provável que eu tenha entendido a meu jeito o que alguém se esforçou por me dizer. É bem provável que eu tenha falado coisas que ninguém ouviu. Mas poucas vezes eu disse algo que ferisse as condições do poder-dizer; menos vezes ainda eu disse algo em que eu não tenha pensado em dizer e tenha desejado dizer. Isso porque sei que as pessoas prestam atenção ao que eu digo. Portanto, não quero dizer nada.

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