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terça-feira, 19 de março de 2013

Riscando o breu da noite

FG estava um filósofo saudoso naquele dia. Me contava com muita empolgação sobre sua crença pueril em discos voadores. Poucas vezes seu olhar ficou no meu quando se referia aos, então fantásticos, objetos voadores não identificados - os populares OVNIs. Seus olhos pareciam acompanhar um disco que já não estava mais ao alcance da vista.

- Ever, cê precisava ver. Sabe aquele antigo Círculo do Livro? Minha mãe era sócia. Sempre pedia pra ela comprar livro de OVNI. Eu lia aqueles livros tudo num final de semana. Os amigos vinham em casa me chamar pra jogar bola e eu tinha a coragem de negar. Logo eu, eu que não troco uma bola por nada. Eu, que já deixei de comer, pra ficar jogando. Pois eu negava. Não desgrudava do danado do livro de jeito nenhum. Ficava até pensando se aquela prisão que eu ficava no livro já não era um jeito de "abidução".

- Rapaz, acha mesmo que era abdução?

- É, Ever. Aprendi um monte de palavra lendo esses negócios aí.

- E hoje, FG? Ainda acredita?

- Sei não, viu? Sei não. Esse mundão é tão grande, que até assusta.Tem hora, sabe, Ever, que eu acho que a gente não vale é nada. Que a gente não sabe é nada. Que a gente é um monte de coisinha pequenininha no meio de um negoção que eu nem se que nome dar. Cê, vê, ó: tem sol que é tão grande, mas tão grande, que esse nosso sol parece uma areinha de praia. Então, eu fico pensando duas coisas.

- Fala, FG. Tá filósofo, hoje, hein!

- Para de me zoar, que o papo é sério, Ever. Então, meu. Eu acho que as coisas que a gente acha que são grande pra caramba, são uma coisinha de nada perto de outras, sabe?

FG me contava com tanta empolgação sua descoberta da dimensão do Universo, que era impossível não me envolver no que ele contava. Quis logo saber qual era a segunda das duas coisas que ele se pôs a pensar.

- Né duas não, Ever. Três. A segunda, sabe qual é? Tem gente que é besta demais e fica se achando. Se enxergasse o tamaninho ridículo dela no meio desse mundão, ia ver.

- Concordo com você, FG. Mas tem gente que fica se achando, porque precisa disso pra se sentir melhor. Não acho que pessoas assim estejam certas, mas elas são assim. Elas podem ser o contrário do que mostram. Dá até dó. E a terceira, FG?

- Rapaz, isso é doideira. Mas eu acho que cada um tem seu próprio disco voador. Cada um tem aquele pontinho brilhante no céu. Cada um tem seu traço de luz riscando breu da noite sem explicação. Cada um tem uma coisa que faz o olho brilhar. Pelo menos por um tempo. E tem de acreditar. Porque depois some.

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