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sábado, 2 de março de 2013

Conchas próximas e distantes

"Faz tanto tempo, que eu já nem lembrava que existia, esse tempo em que a gente se curtia, bebendo no bar depois saía, colhendo conchas do mar, contando estrelas no céu. Ninguém pensava até quanto". Isso é Roberto Ribeiro, com seus sambas espetaculares que encantavam a todo aquele que se alimentava de boa música há (meu Deus!!) quatro décadas. Ainda hoje, quem para para ouvir suas músicas se delicia com a levada do samba e com a letra inteligente e ritmada.

Nesse trecho da música ele fala de um tempo em que, em dada relação, o tempo era o que menos importava; um tempo em que se imaginava eterno a ponto de se dar o prazer de contar estrelas no céu, o prazer de contar conchas do mar. Uma eternidade que se apresentava na figura da imensidão do próprio mar, na infinitude do horizonte e na incontabilidade da areia que faz questão de marcar por breve tempo a passagem do corpo que a toca.

As conchas que se espalham pelo mar, aos milhares e nas mais diversas direções, também se encontram no areal da praia já separadas, já desconectadas, muitas vezes até quebradas, sujas e tão impregnadas de tantas outras coisas, que elas até perderam a consciência de si e passaram a torcer que o mar traga sua outra metade, ou então que as mãos de um casal apaixonado possa fazê-lo, como que por milagre.

Uma vez juntas nas mãos dos amantes, num enfeite sobre a estante, num colchão estreito de uma casa pequena, nas contas de um colar ou de uma pulseira serena... enfim, onde quer que estejam juntas, as conchas sentem realizar - por aquele momento fugaz - a intensa alegria da perene ilusão do para sempre. Um momento pequeno que vale pela vida inteira.


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