“Mundo, mundo, vasto mundo. Seu
eu me chamasse Raimundo, seria uma rima. Não seria solução. Mundo, mundo, vasto
mundo. Mais vasto é o meu coração”. Para qualquer pessoa que aprecie poesia
geral e que valorize poesia local, esses versos de Drummond são bastante
familiares.
São familiares também as pessoas
que carregam consigo a característica apontada por Drummond nos versos acima.
Pessoas há de todo tipo: as menos ou mais racionais; as menos ou mais
impulsivas; as menos ou mais expansivas; as menos ou mais centradas; as menos
ou mais próximas. Há um conjunto delas que têm o hábito de se pensar não só como
mais uma pessoa no mundo, a solução para os problemas do mundo.
Como canta o Vander Lee, são
pessoas que, mesmo certas, vêm pedir perdão. Sentem prazer em ajudar. E se
culpam se não ajudarem. Vivem da ilusão de que a ação delas é essencial, é
condição sine qua non para que o
outro consiga algo, por menor ou maior que seja esse algo. São pessoas que se
consideram a solução. Pessoas capazes de abdicar de si próprias para servirão outro.
Consideram-se verdadeiros messias,
têm prazer nisso, mas acham sempre um tempinho para pensar se os outros
realmente percebem sua ação bondosa, caridosa, desprendida. Claramente vivem de
migalhas de “obrigados”, de “valeus” ou de qualquer outra forma de demonstração
de reconhecimento. São pessoas de bom coração, de coração tão vasto que chega a
ser maior que o mundo. Pelo menos na visão delas. Assim, sentem-se como a solução. Mas elas apenas rimam bem.
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