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domingo, 30 de novembro de 2014

Frustração alheia




A compaixão é um sentimento nobre que deveria integrar o espírito de cada ser humano e, além disso, ter vazão sempre que necessário. Leigo, sempre entendi a compaixão como dó. Não é. Compaixão é a capacidade de uma pessoa solidarizar-se com a dor de outra, de estar com ela numa mesma vibração, acompanhá-la numa mesma página (cum pagna = acompanha). Enfim, é sentir a dor do outro. Uma das extensões desse sentimento me chama a atenção hoje: o fato de algumas pessoas, comovendo-se, atrair para si a culpa pelo insucesso que determinou o sofrimento alheio.

Penso em treinadores, por exemplo, que planejam todos os treinamentos da semana e os executa, jogada a jogada; investe tempo em cada jogador responsável por colocar em prática toda a tática de jogo, responsável por fazer acontecer no campo todas as estratégias acordadas durante a semana, com a finalidade de se vencer uma partida. E ocorre de um e/ou outro não fazer sua parte com a devida eficiência e, por isso, provocar a derrota de sua equipe. Um treinador, condoendo-se, poderia muito bem assumir para si a responsabilidade pelo erro do atleta, pensando que não o treinou direito.

Em situação semelhante, enxergo também professores que se dedicaram o ano todo a ensinar da forma mais clara e eficaz possível a matéria que seria necessária ao seu aluno, a fim de que ele obtivesse resultado favorável ao final do ano escolar, ou mesmo (como é o caso de hoje) ao final de um exame vestibular, como a Fuvest. Mas muitas vezes acabam ocorrendo falhar por distração ou por não preparo físico e emocional para as avaliações decisivas. Diante do insucesso de um e/ou de outro, um professor, triste, pode acabar achando que não preparou seus alunos com a eficácia necessária.

No mesmo tipo de culpabilidade estão muitos pais que se veem diante de frustrações de seus filhos que, a despeito de toda a educação e de todas as orientações recebidas de seus pais, acabam se envolvendo com ilícitos e, por isso mesmo, expostos a situações de riso e flagrantes indicadores de má conduta. Muitos pais, frente ao sentimento de humilhação do filho, podem ficar se perguntando sobre onde erraram, oque poderiam ter feito para que aquilo não acontecesse etc. etc. etc.  Não, isso não é o que deve acompanhar a compaixão. Não é assumir a frustração alheia.

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