Valeu a visita!

Daqui pra frente, divirta-se trocando ideias comigo.
Conheça meu outro blog: http://everblogramatica.blogspot.com.br

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

If tomorrow never comes




Há vezes em que a gente ouve coisas que não estava preparado para ouvir. Sempre me lembro de uma conversa que aconteceu atrás de mim entre dois rapazes sentados no metrô, indo para a Vila Carrão, onde daria minha primeira aula em pós-graduação. Um rapaz dizia ao outro: "É, mano. A bagaça lá é fia minha memo". Nunca me esqueci daquela expressão "bagaça". Para mim, mais do que um bom exemplo de variação linguística, virou um contraexemplo de respeito aos filhos. Especialmente ao próprio.

Mas às vezes ocorre de ouvirmos coisas a respeito do pai. Hoje mesmo. Vinha eu voltando do escritório em direção ao colégio e ouvi um rapaz falando ao telefone a respeito de uma experiência sua, que eu nunca saberei qual é, porque peguei só um trecho do diálogo, quando ele disse "Véi, quando eu vi meu pai morto, mano, mudou tudo". Gostaria muito de saber o antes e o depois daquela frase. O que era antes de ver tal cena? E o que foi depois?

Outro dia, agora me ocorre, um colega me disse que não havia percebido o quanto era ligado ao próprio pai, até perdê-lo. Deve ser muito ruim esta sensação, que reforça infelizmente um lugar comum, trivial, que se encerra no pensamento, segundo o qual, "só damos valor às coisas/pessoas depois de perdê-las. Com gente é muito pior. É como tentar tomar o leite que se derramou no chão. Não dá mais, e então nos arrependemos por não ter cuidado direito.

Aos que vivem, que são e/ou que têm filhos. Aos que vivem, que são e/ou que têm pais. A todos os que imaginam ter uma eternidade pela frente. A todos que deliram achando que tudo e todos durarão para sempre. A todos esses é preciso lembrar o verso de Garth Brooks, que, aliás, inicia a música: "If tomorrow never comes". Não só a inicia, como também a encerra. Somos sangue do sangue de alguém. Quer nos ouçam involuntariamente ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário