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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Inteiro e estilhaçado



A vida para muita gente é a clara expressão de uma antítese, que congrega em si uma série de oposições diametralmente opostas. A tristeza habita o mesmo cômodo que a alegria; a morte anuncia o mesmo canto da vida. Mais ou menos como o Humanitismo de Brás Cubas. Mas a vida também é um belo de um oxímoro, de um paradoxo em que se colocam ideias diferentes e aparentemente inconciliáveis. Gosto daquele do sujeito que diz se sentir inteiro nos estilhaços do espelho.

Dia após dia, experimentamos um turbilhão de sensações e sentimentos. Tem ora que ficamos como o encontro do rio com o mar na Amazônia, a plena pororoca. Não é um encontro assim tranquilo, pois há grande violência no choque e uma mistura que se dá à força. Assim também é com a gente que muitas vezes parece estar no ponto de encontro das águas. Ficamos entre a cruz e o punhal das águas, que nos comprimem até que de nós sobrem pedaços de água que vão se integrar o rio. Ou o mar.

Se num dia nos sentimos como funcionários completamente incompetentes, ouvindo o que não merecemos; se um dia nossas ideias são tratadas como se fossem apenas algo inodoro, insosso e insípido; se um dia resolve que tudo dê errado desde a hora em que nos levantamos até a hora em que voltamos para dormir; se um dia nos sentimos igualmente ao inesquecível personagem de "Um dia de fúria", tudo isso merece receber seu oposto, na forma, no conteúdo e na significação. Logo assim no mesmo dia ou no seguinte, experimentamos situações impares de felicidade. Curtas ou longas, não importa.

O que importa mesmo é sentir intensamente a alegria banhando cada gota de vida da gente: como sente alguém que recebe um inesquecível beijo furtivo, como um casal que esperançoso recebe a notícia da gravidez, como pai que vê o primeiro sorriso do filho, como quem é aprovado em difícil teste de seleção... enfim, como quem coleciona mais um intenso diamante de alegria em meio ao terreno baldio das coisas ruins. E assim, garimpando flashes de alegria e dando a eles um enquadre de bela arte, apreciamos a vida acontecer em meio a antíteses e paradoxos (que somos nós mesmos).






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