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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Rastros de água na pedra




Um mesmo dia é bem capaz de colocar diante de cada um de nós uma mesa farta de experiências que nos levam a pensar na esperança que mantemos nesse peito que bate insistentemente, como água mole contra a rigidez de uma superfície que, em geral, a despedaça e a lança ao ar em gotículas que logo se juntam a outras e reconstituem a força do mar.

Em meio a um grande grupo de pessoas com quem temos contato diário, muitas vezes somos expostos ao incômodo sentimento de que estamos esmurrando ponta de faca. Acontece que parecemos já ter esmurrado tanto, que estamos insensíveis aos cortes e firmemente resistentes, esperançosos de que um dia a ponta se dobra e vai permitir que os objetivos sejam alcançados.

Outras vezes, no acolhimento a famílias - que faz parte especificamente do meu trabalho, mas que pode muito bem se aplicar a familiares, amigos próximos e a quem quer que seja - somos levados a manter um grau alto de motivação, sem perder os pés do chão. Hoje, por exemplo, motivando pais de um garoto vítima de bullying pesado na escola de onde veio, passei mais de hora ouvindo e falando, como verdadeira água mole investindo contra a pedra.

Mas há vezes em que vemos claramente a água desenhar curvas na pedra, deixando nela seu rastro em forma de sulcos que ali estarão expostos à ação do vento e de mais água. De mais vento. De mais água. Uma clara representação da insistência com que a esperança insiste em bater na nossa porta, do mesmo modo que o coração insiste em bater no nosso peito.


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