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sábado, 4 de outubro de 2014

A parte




O estudo da teoria do discurso nos leva a acreditar que realmente uma coisa dita muitas vezes pode, entre outras coisas, banalizar-se e perder sua força argumentativa. Diferentemente de uma peça publicitária que abusa do argumento de presentificação para fixar a marca na memória do consumidor, frases ditas, ditas e reditas, tornam-se comuns e chegam a ter efeito negativo. É o caso de "se cada um fizer a sua parte". A despeito de seu escasseamento de sentido, essa frase tem seu valor quando dita e praticada com a devida consciência por quem a utiliza.

Seria muito bom se cada criança e adolescente fizesse seu papel social, sobretudo no âmbito dos seus deveres. Dessa forma aprenderiam a ouvir os mais experientes e a aprender com eles - sejam pais ou parentes próximos ou não; sejam amigos com quem têm o que aprender; sejam professores em quem se apoiam para crescer holisticamente. Cumpririam seus deveres filiais de responsabilidade com a família; atenderiam seus deveres escolares e estabeleceriam com a dúvida e com o conhecimento a mais saudável das relações que os levaria aos caminhos das melhores opções.

Bom também seria se os próprios adultos (que tanto cobram dos menores) fizessem devidamente aquilo que é sua obrigação, tanto no que diz respeito à sua vida, quanto ao seu conhecimento e aos seus sentimentos, crenças etc. Muitas vezes se comportam como crianças e ficam à espera de que outros realizem aquilo que era de sua alçada resolver. Não se cuidam o quanto deveriam, não se informam na medida cabível, não lidam com suas emoções de modo saudável. Também não cuidam do outro o quanto deveriam, não dão ao outro as informações essenciais nem respeitam os sentimentos mais vitais.

Dessa forma, o todo vai ficando cada vez menos eficaz naquilo que deveria ser, vai ficando cada vez menos eficiente nos resultados que precisaria produzir. Também pudera: desde criança certas partes vêm se sobrecarregando para dar conta de algo que poderia ser muito mais facilmente obtido se houvesse colaboração de todos. Naturalmente um todo é menos todo quado seus integrantes não se responsabilizam com o que lhes é cabido; assim esse todo vira uma parte menor ou menos completa de um outro todo, em que está inserido este em que vivemos. Pena que este discurso também esteja perdendo sua força.

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