Esperar

Uma das coisas que fazemos com mais frequência na vida é esperar. Primeiro que cada um de nós só nasce depois de um longo período de espera. Depois que para tudo na vida temos de esperar. Espera a hora de crescer, a hora de estudar, de começar a namorar, de se formar, de trabalhar, de constituir família, de ter filhos, de acompanhar a autonomia dos filhos, de realizar os sonhos próprios. E, por que não, esperamos também, com a certeza de ter cumprido nossa missão, esperamos nosso fim chegar.

A espera nem sempre depende da gente - quer seja direta, quer seja indiretamente. Esperar uma ação de outros: a chegada deles, uma ação que têm para realizar e que está visceralmente ligado ao que precisamos fazer - muitas vezes - com uma urgência considerável. Por razões diversas, dentre elas a impossibilidade e também da indiferença, retardam uma palavra, uma chegada, um envio, um qualquer coisa que simplesmente trava o nosso processo.

Esperar o corpo agir e reagir também é outra ação bem presente na nossa vida. Eu, por exemplo, vivo esperando o dia em que vou conseguir cantar em público afinadamente, seguro e pensando no prazer de cantar e não com o que podem dizer de mim - especialmente se eu errar o tom deste o daquele agudo. Há tanta coisas que eu espero, que eu já me acostumei e passei a considerar como normal a ausência e, para minha tristeza, uma coisa estranha o fato de eu conseguir vencer esta limitação... e outras similares, como minha falha localização espacial - entre outras.

Quem sabe faz a hora; não espera acontecer, nos ensinava Vandré no final da década de 60. Assim é que, quando a resposta das pessoas de quem eu dependo demora, eu já providencio - eu mesmo - aquilo que precisava fazer. Quando tem apresentação de nossa banda, já estou me arriscando nos backing vocals, já me gravo cantando (e até que estou gostando); já me relaciono muito bom com o Wase; e assim, em tudo aquilo que eu espero virar realidade, vou tomando providências - para não fazer outras pessoas esperarem.