Esse mês de outubro tem intensificado a presença de propagandas eleitorais em todos os grandes veículos de comunicação, como rádio e TV. Confesso que hoje, aqui em casa, ao lado de minhas filhas, estou ficando enfastiado de tantos e tantos bombardeios aos nossos olhos e ouvidos. E nesse debate os candidatos acabam falando mais de corrupções e improbidades administrativas. Gostaria muito de ouvir os propósitos, os projetos, as propostas. Mas, assistir a um debate deste pode trazer uma série de benefícios para quem gosta de ensinar gêneros orais - como debate.
Fico realmente impressionado com o tanto que os candidatos têm memorizado números específicos para situações tão peculiares. Sabem percentuais, sabem milhões, milhares e outras grandezas quantitativas - ora para dizer que fez, ora para dizer que ou outro não fez. Devemos admitir que em uma situação formal de comunicação, principalmente quando o público que assiste ultrapassa a casa dos milhões, é difícil manter a capacidade necessária para lembrar o número exato e dizê-lo.
Naturalmente isso se deve a uma extrema preparação que implica uma dedicação absoluta ao estudo desses dados, à associação deles a situações e contextos; mais que isso, ligar essas informações a tempos, a políticas, a pessoas, partidos, leis... e tantas outras variáveis. De fato, é elogiável o desempenho desses candidatos em um debate dessa proporção voltada para um cargo de natureza tão essencial para o futuro imediato do país.
O triste é saber que, no fundo, bem no fundo, os interesses partidários estão muito acima dos interesses da população, que aparecem apenas disfarçados, assim, "pra não dizer que não falei das flores". Aliás, no fundo, no fundo mesmo, quem cuida de fato dos interesses da população é a própria população, não só porque vota, mas também é quem está diretamente ligado aos reais problemas que afligem a tantos. Isso é assim porque "quem sabe faz a hora; não espera acontecer" - e isso independe dos debates e dos milhares de bombardeios feitos nas propagandas eleitorais.
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