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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Realizações (crônicas do Chile 8)



O verão imperava em minha ida ao Chile. Apesar de um frio intenso que fazia no alto da cordilheira dos Andes, não havia neve que se pudesse ver de perto. Só pude mesmo vê-la do alto, de dentro do avião, tanto na chegada quanto na saída daquele país que me encantou. Mas não era a neve que me atraía para lá; era mesmo aquele sistema imenso de montanhas encadeadas, a cordilheira.

Cada metro que me aproximava dela me fazia o peito mover-se sobre o coração que batia mais forte. Sim, como uma criança ante a abertura de um presente desejado, como um apaixonado minutos antes da chegada de sua amada. Queria absorvê-la toda com meus olhos, na verdade, com todos os meus sentidos. Não deixei de tocar o solo, a vegetação e a água que corre gelada e embranquecida. Fiz questão de ouvir o vento passar por mim e de sentir o frio que ele me provocava. Fiz questão de olhar a imensidão daquelas enormes montanhas, como quem quisesse ser parte dela.

A certa altura (sem trocadilho, pois estávamos a 2000m de altitude e ainda faltavam 1000 para o topo), quando pudemos descer do carro e ficar um tempo, quis andar pela cordilheira subindo-a. Talvez nunca tenha me sentido tão livre. Tanto, que quis correr para notar o céu ficando próximo, para ver a vegetação passar, para sentir o solo sob meus pés, para visualizar as grandes coisas que, do ponto em que eu estava, pareciam tão pequeninas. Corri até onde a respiração começou a ficar dificultada, havia subido bastante e estava satisfeito, como alguém que quase morto pela sede se depara com fartura de água límpida e potável.

No dia seguinte, estava eu de volta do hotel para o aeroporto. Não por coincidência, o taxista que me conduzia era o mesmo que havia me levado à cordilheira. No meio do caminho, com alguma emoção na fala, aquele homem disse para mim e para minhas filhas que via em nós pessoas boas e claramente felizes, de tanto que ríamos e nos abraçávamos. Disse mais: que, quando me observou de longe subir correndo a cordilheira, ele próprio se sentira realizado por tanta satisfação e sensação de liberdade que meu gesto havia proporcionado.

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