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domingo, 26 de janeiro de 2014

NÃO


Sempre ensinei às minhas filhas e aos meus alunos algo em que acredito piamente, como um monge crédulo ampla e irrestritamente: a linguagem é algo capaz de construir, de manter e de destruir realidades. Independentemente da realidade de que se trate, tudo nasce de uma palavra concretizada numa conversa, num projeto, num contrato ou seja lá no que for. Lançando mão da linguagem, vamos lançando a mão no mundo. Inclusive no nosso mundo, construindo, mantendo, destruindo.

O criar normalmente está ligado a palavras de sentido positivo, como o "fiat lux" dito por Deus, segundo relata a narrativa literária do Gênesis - maravilhosa história da criação do mundo, segundo a visão judaico-cristã. E como esta, tantas outras formas de se afirmar a existência de algo, de alguém que passa a ter a linguagem como elemento essencial à sua constituição.

No entanto, palavras negativas também são capazes de criar, seja pela interrupção de uma realidade que pode ser fonte de incômodo para muita gente, seja pela negação a algo que pode vir a ser esse flagelo que passará a corroer estômagos e corações, forças e emoções, almas e espíritos de tantos corpos. Muito possivelmente resida neste ponto a necessidade imperativa de se saber dizer NÃO. Com essa palavra se cria a liberdade de continuar vivendo segundo o caminho que se planejou percorrer.

A saúde de muita gente pode estar comprometida justamente pela falta de habilidade em utilizar esta palavra que, mesmo tendo um teor essencialmente negativo, é capaz de nos manter livres de muitos embaraços e de nos fazer sentir a liberdade de movimentos, os pulmões livres, o coração tranquilo e a consciência leve. Todas essas são formas de um corpo dizer que está bem criado, por muitas razões, mas, sobretudo, pelo bom uso da linguagem que, por meio de sins e nãos bem colocados, mantém a vida no caminho. 

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