É sempre bom poder começar uma turma nova de redação, especialmente quando os alunos ainda nem completaram 14 anos e estão no período da vida em que se descortina o mundo diante deles. Neste caso, um mundo bem mais rico em informações do que foi o meu quando tinha 14 anos. O potencial que esses alunos têm para desenvolver é enorme e minha vontade de que aprendam e de que peguem gosto pela escrita também é grande. Controladas as ansiedades, o processo de escrita fluirá.
Era a primeira aula hoje com a turma do 9º ano (na minha época, 8ª série), uma aula dobrada. Depois de fazer uma reflexão dialogada sobre as funções da escrita hoje, pedi a eles que pensassem em algo sobre o que quisessem escrever. Deixei livre que escolhessem o gênero em que mais tivessem habilidade e dei-lhes o tempo que sobrava da aula para que o concluíssem e me entregassem.
Antes de escrever uma aluna, muito educada, mas um tanto insegura e ansiosa, tomou a palavra e me perguntou: "Mas sobre o que eu vou escrever? Sobre duendes no arco-íris?". Senti alguma ansiedade mesmo em sua fala, respirei e - como havia entendido "doentes" em vez de "duentes", fiz-lhe uma sugestão que tinha a intenção de animá-la a escrever.
Então, sugeri a ela que considerasse a posição emocional de um doente, que, mergulhado em tristeza, via o mundo com poucas cores e que, em um momento de busca pela felicidade pudesse se imaginar passeando pelo arco-iris, cujas cores representariam cada uma das alegrias que faltavam na vida dele. Vi que o rosto dela mudou de ansiedade para graça. Um sorriso se abriu em seu rosto (e eu pensei comigo: puxa, consegui) e foi seguido pela afirmação: "Mas, professor, eu não disse doente; eu disse duende". Ela, eu e a classe rimos a valer. Já fora de sua ansiedade, a aluna produziu um texto muito interessante. Mas sobre outro tema...
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