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domingo, 19 de janeiro de 2014

Cordilheira da criança (crônicas do Chile 6)

Criança faminta diante de um banquete. Aquela criança que há muito espera um presente e, não mais que de repente, se vê diante dele e  de tudo que o envolve. Assim me senti hoje quando me aproximava do pé da Cordilheira dos Andes. 

Eu, minhas filhas e o guia subimos de carro cada uma das 60 curvas que há entre a base e o topo das Cordilheiras. Logo no começo,  se vê que o clima vai mudando à medida que se sobe. Deixamos Santiago com uma temperatura de 30 graus,  para encontrar garoa no início da subida de onde corre um lago pequeno com o que seria água de neve - uma água predominantemente branca. Quanto mais se subia,  mais caia a temperatura.

No meio do percurso,  uma parada em um mirante natural: estarrecedor de tão bonito.  O corpo ficou com inveja dos olhos e quis agucar-se: o ouvido tentou escutar o vento,  a pele experimentava já uma temperatura beirando os 10 graus, o nariz engolia o cheiro da vegetação,  e a boca degustava um manjar de natureza inigualável.   Não teve jeito: de onde eu estava,  fui subindo a pé a montanha,  e via um universo de escancarando sob meus pés. 

Voltei dali uns 20 minutos, para retomar o carro e concluir a subida dos 3.000m de altitude.  3 mil. Se no meio do caminho já estava frio,  lá no alto do morro, o vento ainda mais gelado parecia querer congelar o corpo e a alma da gente. Depois de 2 chocolates quentes,  me animei a subir a pé outro trecho de morro. Dali eu, com a respiração bastante ofegante, só escutava o barulho que meu corpo produzia  - cada passo,  cada respiração,  cada batimento no peito. Sim,  era o coração (o "cordis") e a Cordilheira em sintonia, tal qual um dia eu havia sonhado, um presente que eu quis ter. 

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