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domingo, 7 de setembro de 2014

O Quadro da nossa independência



7 de setembro hoje. Comemoramos (?) a independência do Brasil. Aquela que o quadro de Pedro Américo no famoso quadro que representa aquela cena homérica: cavalos pomposos, soldados fardados, cenário belíssimo em cores (que até tentam se aproximar das cores do Brasil). Aliás, engraçado esse quadro, sua história e as curiosidades sobre ele. A começar pelo fato de que não foi pintado no Brasil, mas em Florença, em 1888. Àquela época, nossos principais artistas e intelectuais formavam-se na Europa - e muitos por lá ficavam.

Esse quadro de Pedro Américo, enorme quadro, é tão grande quanto as inconsistências que contém. Todo o respeito ao artista e ao fato de que a arte não é verossímil, mas uma representação da realidade. O bom e velho Aristóteles já nos deixou ensinamentos sobre a mimesis. À parte isso, preciso destacar que 1) a comissão que acompanhava D. Pedro não era tão grande quanto está no quadro; 2) nenhum dos presentes à cena do famoso "Independência ou Morte" estava em trajes de gala, como no quadro; 3) D. Pedro não estava sobre  um cavalo assim pomposo, mas em uma mula - que aguentava viagens maiores como a dele; 4) não há comprovações de que a "Casa do Grito" tenha existido à época (aliás, ela fica aqui pertinho de casa, no Parque Independência); e 5) o grito não aconteceu às margens do Ipiranga, mas no alto de uma colina.

Mas, como a história é feita por quem tem voz (ou, no caso, quem tem tinta e tela), a realidade que a maioria conhece é esta do quadro. Há quem acredite mesmo que o Brasil se tornou independente depois do Grito e deixa de pesquisar as razões que tornaram propício aquele acontecimento. Quanto de independência efetivamente o Brasil tinha ou teve a partir do Grito? Tivemos independência artística? Política? Educacional? Linguística? Religiosa? Econômica? De que independência falamos?

Sei não. Sei que, quando menino pequeno, na pequena e eterna Janaúba onde nasci, eu assistia a desfiles belíssimos. Quando vim pra São Paulo, eu participava dos desfiles, tocando na fanfarra da escola uma caixa que mantinha o ritmo de nossa marcha. Entre um "pelotão" e outro de alunos, havia umas mocinhas bailarinas fazendo passos quase acrobáticos. Nenhum de nós era independente. Não sei se algum de nós é independente hoje. Talvez tenhamos uma independência repleta de inconsistências como as do quadro de Pedro Américo.


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