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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O jardim do vizinho



A vida do ser humano é um tanto curiosa em relação ao modo como ele olha para si, sobretudo, quando tem um vizinho em condições de competir com ele. Um estranho desejo se torna plenamente capaz de fazer com que um certo brilho, sabor e vigor (entre outras qualidades) seja visto como superior ao que é seu próprio. Assim nasce um habito de ver o que é do outro em geral como melhor e, a partir disso, uma insatisfação que vai resultar numa busca constante pelo que está lá, em detrimento do que está aqui. Tanto nos contos quanto nos romances, Machado de Assis sempre tratou insatisfação frequente do homem. Teria sido assim com ele também?

É do ser humano essa insatisfação perene, Homens, por mais seguros e autoconfiantes que possam estar, costumam comparar as conquistas de seus pares como superiores às suas e, dessa forma, que 7 ser mais também. Comparam a casa, a localização, o carro, a mulher, o emprego e tantas outras coisas. Se, por um lado, esta postura pode revelar uma questão doentia, um distúrbio; por outro lado, pode ser um elemento motivador para o sujeito que sempre vê o jardim do vizinho como mais verde e mais florido. Talvez seja menos mal ser assim do que ser prepotente, arrogante.

Por outro lado, as mulheres têm comportamento igual, afinal isso é do ser humano. Além das coisas comuns ao que  os homens desejam, elas também almejam roupas, cabelos, bolsas e os sapatos exatamente iguais ou superiores aos de sua "amiga". O jardim da vizinha parece mais bem cuidado, o que vai fazer com que elas queiram melhorar o seu. Ou, na impossibilidade disso, ficar admirando as flores, folhas, gramado e cores. E, quem sabe?, até pegando umas para si - sem quer ninguém veja.
Eis aí um fator importante e curioso: se for lícito pegar e usar o jardim alheio o quanto quiser, logo ele perde sua graça e abre a porta para outros jardins desfilarem em seu interior.

Entre adultos e adultas, adolescentes vão considerar melhor o tênis do amigo, a camisa de time, a marca da roupa ou a geração do celular. Muitas vezes até dá pra usar o que é do outro. Numa dessas "apropriações indébitas", realiza-se por um momento e tem a satisfação de provar do gosto que tem o jardim do vizinho. Vê, cheira, toca e o deixa lá rapidamente. Depois, simplesmente ver, cheirar e tocar rapidinho não é mais suficiente. Mas o mais curioso que tanto o homem, quanto a mulher e o adolescente não percebem  ser eles mesmos o jardim de outras pessoas.

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