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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

As costas das pálpebras



"Shine on you crazy diamond", cantavam David Gilmour e Roger Waters, quando ainda brilhavam juntos na inesquecível Pink Floyd. Nesta música, especificamente, cantavam em homenagem a Syd Barret (Roger Keith Barret), fundador da banda, criador de solos e melodias que vieram a dar corpo ao que se tornou o chamado Rock Psicoldélico. O exagero no uso de drogas foi deteriorando sua capacidade criativa e o levou a um isolamento autoimposto que durou décadas. Assim seu brilho ficou ofuscado até sua morte, em 2006. Daí o título da música.

Pink Floyd seguiu sua carreira como banda brilhante que sempre foi. Mas um dia também ofuscou. Isoladamente hoje Gilmour e Waters ainda espalham de sua luz por entre as pessoas que aprenderam a admirá-los. Eles, assim como tantos outros artistas (Clapton e BB King, por exemplo), vão chegando ao seu limite produtivo e, portanto, reconhecendo que é hora de reduzir o facho de luz que incide sobre os ouvidos de seus admiradores. Assim, como vela que se acaba e seu fogo que se apaga, esses artistas vão continuar brilhando na memória de muita gente.

"Um facho de luz que a tudo seduz por aqui... quem dera viesse do mar, e não de você" são os versos de Djavan que me ocorrem agora para me dizer que há brilhos que incomodam. Sejam por não serem naturais, seja por não serem merecidos, seja lá pelo que for. Como faróis de carro na noite escura vindo na direção contrária à nossa, há certos brilhos em pessoas que incomodam. É o tipo de luz que machuca, que arde nos olhos, que nos faz cerrar nossos olhos para ver apenas as costas das pálpebras.

Há, no entanto, brilhos que nos dão o maior gosto, assim como dizem os versos da mesma música de Djavan: "um raio que inunda de brilho uma noite perdida". É o brilho das pessoas cuja existência, por si só, preenche de luz o espaço em que ela se encontra. O espaço do coração, da alma, do espírito. Que fica na memória sempre. Aquele espaço que fica por trás das pálpebras e que nos dá prazer em ver ainda que de olhos fechados.

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