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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A semente da transformação



Nesse mundo em que vivemos, especialmente nos dias atuais, em que tudo parece estar literalmente ao alcance da mão; em que tudo se mostra acessível - ainda que virtualmente; um mundo em que as barreiras e as distâncias se mostram cada vez mais reduzidas; um mundo em que a memória do que foi se mistura com a que se pretendia ter sido; um mundo em que as definições são mais vagas - ainda há espaços de limite que se apresentam intocáveis, inatingíveis. Inacessíveis

Milhões de brasileiros, muitos milhões, desfilam seu futebol pelos campos de várzea, pelas quadras, pelas ruas e por onde quer que seja, satisfazendo-se em terem aquela realidade e não outra. Outra que sonharam quando meninos; outra que acalentaram por anos, até chegar o dia em que tiveram de aceitar a dura realidade de que aquele sonho pueril não iria se realizar. Então jogam com os amigos, vão ao estádio, assistem aos jogos pela TV - como espectadores daquilo em que eles gostariam de ser protagonistas.

Os golpes duramente desferidos contra os sacos de areia. Os passos firmemente pisados no chão que recebe o peso de todo um corpo. O carro que se acelera velozmente como quem rasga o que está à sua frente. As palavras secamente dispostas no papel ou na tela, como se fossem facas afiadas sobre o corpo que não se quer mais vivo. Tudo isso (e muito mais) para desanuviar a sensação de incômodo que alguém ou algo intransponível faz questão de ofuscar em pleno céu de verão.

Os meninos no banheiro, por horas. As meninas na vitrine, por horas. O desabrigado diante das mansões, casas ou apartamentos, por horas. O desempregado diante da empresa, por horas. O próprio homem atual diante do homem que pretende ser, por horas. Todos, todos sublimando. Vivendo uma situação compensatória, mastigando a palha do conformismo ou a semente da transformação. Por horas, dias, semanas, meses, anos, uma vida inteira para descobrir que nem tudo é nem acessível.

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