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segunda-feira, 5 de maio de 2014

O escorpião e a rã



Conheci uma moça que sempre dizia que queria mudar. Ela era minha aluna na faculdade há muitos anos. Já naquela época e também agora, depois de se casar, fazia reclamações constantes do tipo de trabalho que realizada e, principalmente, das relações de exploração de que era vítima todos os dias em seu emprego. Secretária competente, trilíngue e muito educada, sempre acatava o que lhe mandavam, ainda que nada tivesse a ver com o exercício de suas funções.

Há muito tempo, conversava com um amigo que sempre reclamou do lugar onde morava. Que, além de distante - o que o obrigava a tomar várias conduções em horários que o faziam sentir-se como sardinha em lata - era também perigoso. Era de um colégio onde trabalhei há muito tempo. Encontrei-o em um congresso há poucos dias. Seu relato se repetiu. Condições externas e maiores do que seu desejo de mudar-se dali, impediram que ele conseguisse promover essa alteração na sua vida.

Outro, toda vez que íamos jogar futebol, cometia sempre as mesmas falhas. Por mais que a gente ensinasse, por mais que a gente dissesse que era fácil, por mais natural que a gente desejasse fazer parecer, por mais bronca ou gozação que viessem... não tinha jeito: lá estava ele. Só chutava com uma perna e não sabia dar passes certos. Apesar de ele ter consciência de tudo isso, lá estava ele, todo santo domingo, uniformizado, chuteiras novas e tudo mais. Tudo lá, inclusive as falhas, que, ao menos pelo que parece, levava com bom humor.

Isso me lembra a parábola do escorpião e da rã. Esta, toda generosa, vendo o escorpião com dificuldades para atravessar o rio, propõe-se a levá-lo em suas costas até a outra margem. A proposta inusitada não foi recusada. Assim, lá subiu o escorpião às costas da rã, cuja pele macia encantou o "passageiro". Não demorou muito para o escorpião ver-se refletido na água, lembrar-se de sua natureza e deixar de resistir ao ataque. Não pôde negar sua natureza, não pôde mudar.


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