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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Absurdos cotidianos



Às vezes o dia a dia reserva pra gente umas visões que seriam o mais completo absurdo, se já não estivessem incorporando o conjunto de fatos, pensamentos e opiniões que integram o já entorpecido modo de ver o cotidiano. É por conta desse entorpecido sistema de apreensão da realidade que nossa capacidade de revolta ou nossa força de ação contrária se vê enfraquecida.

Há poucos dias citei aqui mesmo uma experiência na qual um psicólogo italiano simulou uma situação de infarto em que um homem de vestimentas normais precisou de muito tempo para ser atendido pelos muitos transeuntes; ao passo que no mesmo local um homem bem vestido e também simulando um infarto foi atendido imediatamente. Mais recentemente escrevi sobre extremos de violência em nosso país e fora dele, referindo-me à moça que foi linchada (por engano) e às meninas que foram sequestradas e vendidas a U$12.

Chegando em casa hoje, ao virar a última esquina, custei a acreditar no que vi. Era dia e uma das raríssimas vezes em que venho almoçar em casa. A pressa do meu pensamento concentrado em chegar, almoçar rápido e voltar para o trabalho, foi truncada por um carro estacionado embaixo de uma placa imensa que proibia não só estacionar como também parar naquele local. Mais, para que eu ficasse pasmado: sobre o carro jorrava uma água constante de uma mangueira que uma mulher segurava, enquanto o lavava com a maior tranquilidade, assoviando uma canção qualquer que não consegui distinguir.

Para onde vão nossos sentidos entorpecidos que se acostumam a ver absurdos cotidianos e, sem tempo de reagir, vão se tornando recrudescidos, empedernidos, a ponto de se tornar estéreis diante da possibilidade de intervenção? Às vezes tenho a sensação de estar vivenciando coisas que talvez fossem comuns há milênios. Outras vezes repito para mim o verso de Lenine: "E a loucura finge que isso tudo é normal. Eu finjo ter paciência".

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