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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Como se troca de sapatos



É conhecido o ditado segundo o qual não se troca de trabalho como se troca de sapatos. O mesmo pode ser dito de outras situações: não se troca de religião, de time, de mulher, de casa... como se troca de sapatos. Naturalmente o sentido dessa já sedimentada expressão popular é o de que existe em cada uma dessas possibilidades um conjunto de implicações de dimensões bem maiores do que as de uma simples troca. Quais são os critérios para se fazer uma troca?

Tal como acontece com uma leitura agradável, em que retardamos o fim justamente para não vê-la acabar. Tal como acontece com um prato suculento cujos ingredientes mais gostosos deixamos para o final, justamente para não saboreá-los mais tardiamente. Assim também acontece com sapatos que deixamos para usar em situações comuns, apenas para ter o gosto de usá-los em momento posterior no qual se pode desfrutar de todo o bem-estar que ele causa.

Muitas vezes, nossos sapatos são tão usados, mas tão usados, que passamos a receber comentários no sentido de que parece termos apenas aquele par. Comentários de muito mau gosto, por sinal, porque ninguém tem a ver com o que usamos ou deixamos de usar - desde que, é claro, o referido uso não ofenda algo ou alguém. Mas independentemente disso, continuamos a dar aos pés o prazer de se sentirem calçados por aqueles sapatos que trazem tanto conforto.

Mas há momentos em que os comentários deixam de ser dos outros e passam a ser nossos. Desse modo, não são mais "parece que você só tem esse par de sapatos". Conscientemente passam a ser "parece que eu só tenho este par de sapatos". Daí a dúvida entre se desfazer deles para calçar novos ou manter a ligação "afetiva" apesar da incapacidade de ele não cumprir mais aquilo a que se destina na nossa vida. A própria pergunta inicial volta espelhada: troca-se de sapatos como se troca de religião, de time, de mulher, de casa...? É preciso saber o critério para a troca de coisas e pessoas.



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