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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Incômoda estranheza do mesmo




Visitei hoje uma instituição à qual não vou já há um bom tempo. Em razão da publicação de um livro em coautoria, tive de levar uma documentação ali perto e aproveitei para rever amigos que ali deixei e que, assim como à instituição, não via há tempos. Uma sensação muito agradável poder receber o carinho desde os porteiros e assistentes de alunos até dos que ocupam cargos considerados absolutamente mais altos.

Havia em mim uma sensação mista de alegria por rever pessoas tão queridas e por poder dedicar a elas o tempo que lhes fosse necessário para me contar o que quisessem; sensação esta misturada com uma de incômoda estranheza do mesmo - tendo em vista a ausência de mudanças, de novidades, naquele lugar. O resultado dessa mistura era de... angústia, isso, angústia: aquele sentimento que chega não se sabe de onde, não se sabe por que nem quando nem como. Mas tomei o cuidado de fazer soar em mim o barulho dos sorrisos, dos tapas nas costas que seguiam-se aos abraços cheios de saudade.

Depois de algumas horas, saí de lá olhando para o infinito daquelas ruas enladeiradas e com o mesmo asfalto, daqueles prédios velhos e com a mesma pintura, daquelas árvores que insistiam em se renovar para livrar-se da inércia, daquele ar que se fazia inalar sem que inspirasse nada que pudesse, ainda que de longe, parecer um alento de novidade. As pessoas tão atarefadas quanto, e esperando por mais tarefas que chegam sempre na urgência. Os afazeres atropelados pelo atraso de outros, pelo descaso de outros, sempre contrastantes em relação aos que buscam fazer nascer o brilho de vida naquele lugar.

Quando saí desse torpor, percebi que já havia andado bastante na direção do meu carro e, como se me visse em um espelho ainda meio sem luz, quis inquirir a mim mesmo a respeito das inovações que minha vida vem tendo ao longo do tempo em que deixei de ir àquele lugar. Fiquei ali, refletido no vidro e na lataria do carro que parecia querer me levar dali e me fazer pensar, mas pensar em movimento. Não quero ter de mim a sensação de incômoda estranheza do mesmo.

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