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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Homem perfeito 4 - o marido



Desde séculos imemoriais muitas famílias educam as filhas a se dedicarem a um projeto de encontrar e conseguir um marido perfeito. Educadas para o casamento, cuidam-se, guardam-se, enfeitam-se, "vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas", como canta Chico Buarque, em Mulheres de Atenas. Aliás, como disse no primeiro texto desta série, Atenas é minha primeira referência do ideal de perfeição.

O que pensam essas mulheres que, não raramente, sonham em encontrar um marido que as tire da letargia de um sono no qual parecem estar afundadas com uma pedra ao pescoço e uma bola de aço em cada pé? Põem em mente serem objeto de desejo de um homem que seja gentil, educado, sensível às suas mais intricadas e legítimas dores, por motivos reais ou não.

Um sujeito que além disso tudo seja conhecedor de muitas coisas, da religião à filosofia, da física à biologia, da matemática à astronomia, das letras à música, da agricultura à arquitetura, do imanente e do transcendente que, de alguma forma, rege a forma de sonhar dessas pessoas. Um marido que, como se não bastasse todo o leque acima, também seja bonito, elegante, perfumado, atlético, disposto e disponível para todas as horas de amor singelo dedicado a uma pura, meiga e única mulher.

Um homem que seja forte o suficiente para enfrentar as próprias demandas da casa em que habita, assim como encarar diariamente a batalha do trânsito (sem se atrasar para o trabalho, sem se atrasar para casa), bem como receber e despachar todas as atividades que seu trabalho exige. Dessa batalha contra os moinhos de Cervantes ou contra os troianos de Homero, esses heróis voltaram tão desgastados, tão depauperados, que ao longo do tempo se tornaram uma espécie de D. Sebastião, que portugueses do século XVII cansaram de esperar. 

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