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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Homem perfeito 7 - ele por si mesmo



Encerro hoje um conjunto de textos que tentaram (isso, todos) trazer à luz uma série de idealizações que, acredito, constituem grande parte do imaginário feminino. Em sua maioria derivada da educação tradicional conservadora, esta forma de ver e querer o homem é fonte de uma série de frustrações para muita gente, uma nascente de decepções que, como uma guilhotina da época da Revolução Francesa, decepam impiedosamente torres de castelos erigidos à beira do mais oco dos terrenos.

Esta minha tentativa certamente insuficiente em seu alcance e despretensiosa em sua origem nasceu de uma música que ouvi na manhã de domingo passado enquanto descia para meus exercícios regulares. Era a música Better Man, da banda Pearl Jam, que minha filha adora. A letra fala de um sujeito que é o homem de uma mulher, que, calada e inerte  espera encontrar um homem melhor. Melhor ainda vai, é uma ideia que dá para conceber como aceitável. O que não consigo conceber é a busca pelo homem perfeito. E pior ainda, o inconcebível top master plus: a espera pelo homem perfeito. 

O que há é o que há, por enquanto. Não sou como Parmênides que, muito antes de Sócrates, acreditava que "o que é é; o que não é não é nem pode vir a ser". Acho que tudo pode mudar. Para melhor. Para pior - o que também é uma questão de ponto de vista. O jeito gente de ser homem implica uma porção  generosa de dúvida, um flerte trêmulo com a incerteza, uma bile amarga de raiva ou ira, uma taça grande de lágrimas, uma vestimenta de mágoa, um calçado de trauma, uma luva de medo.

Junta-se a tudo isso uma série de imperfeições físicas que resultam em dores e limitações. Porém, não tenho a menor dúvida de que supera tudo isso, numa proporção gigantesca, a vontade de melhorar, de ser uma pessoa melhor, um homem melhor para si mesmo e para o universo que se habita. A guilhotina chegará mais cedo ou mais tarde, tanto para jacobinos quanto para girondinos. E vai decepar sonhos, ideais, promessas e esperanças. Enquanto sua lâmina não separa jugulares da existência, resta-nos continuar apenas sendo.

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