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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Alegria em dobro



Neste ano, tenho tido o privilégio de provar uma mesma alegria pelo menos uma vez por semana. Minha profissão me permite vivenciar essa alegria todos os dias, na verdade; mas o caso que vou relatar aqui me dá uma satisfação enorme a cada vez que a experiência acontece. Como professor, acho que o que é essencial precisa ser repetido, então faço questão de repetir aqui que a maior alegria da minha vida é, sem sombra de dúvida, a existência das minhas filhas. Depois disso, uma das coisas que mais me alegram é poder perceber alguém aprendendo comigo. Mudando seu estado cognitivo a partir de uma intervenção minha que lhe dê condições de construir algo novo em sua consciência.

Atendo em meu escritório diversos alunos, de séries diferentes e, obviamente, de idades e necessidades cognitivas diferentes. Entre eles há uma menina, que comecei a acompanhar neste ano. Ela está apenas em seu décimo segundo ano de vida e uma enorme carência de conhecimento que a trouxe até mim. Em cada aula, a experiência de aprendizagem tem sido, literalmente, visível. E, como não poderia deixar de ser, tem sido absoluta e irrestritamente gratificante. Minha função é trabalhar com ela condições que lhe favoreçam a aprendizagem, sobretudo, de leitura, em geral, e de operações matemáticas, em particular.

Na primeira aula, enquanto ela me trazia uma pequena dúvida de História, notei que ela desconhecia o sentido da palavra "eurocentrismo". Aquele foi o pontapé inicial que despertou toda esta fonte de alegria que venho experimentando. Notei que ela não dominava a formação da palavra, pois não associava Euro a Centrismo. E não era uma questão apenas de fatos históricos ou de concepções localizadas de mundo. Era mesmo uma questão linguística e geográfica. Aquela foi a situação que me permitiu organizar uma situação em que ela pudesse entender não só o que era Europa e Centrismo, mas também o que era a Europa como continente, assim como a Ásia, a Oceania, a África, e as Américas do sul e no norte.

Na aula seguinte, suas questões eram matemáticas. Na continuidade da lição de História, ela não sabia identificar e muito menos calcular os séculos e a distância entre eles. Não sabia o que era porcentagem. Não sabia o que era fração. Nem na prática nem na representação gráfico-matemática. Brilhavam suas retinas como diamantes em lapidação (ah! é isso??? Que legal!!). Na semana seguinte, ela veio me contar, com uma alegria indescritível, que ela mesma parou para ensinar à mãe, o que tinha aprendido comigo. Alegria em dobro.

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