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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Homem Perfeito 5 - o amante



Quase um paradoxo tentar pensar o amante como um exemplo de homem perfeito. Não sei a quem cabe a perfeição imposta a ele, se é que isso existe mesmo, ou se pode existir. Será perfeito para ele próprio? Ou apenas para a amada? Está aí uma situação que muda "de repente, não mais que de repente", como disse Vinícius de Morais.

Pode ser que ele seja perfeito para si mesmo, no sentido de que preenche as condições requeridas por uma mulher que resolve apostar no corpo de outro homem o que lhe falta no relacionamento ou, mais amplamente, o que lhe falta na vida. Sim, porque pode ser uma insatisfação, uma carência oriunda das próprias condições impostas pelo modo como anda o casamento, e pode ser imposta por uma necessidade que existiria independentemente do casamento.

Também pode ser que ele seja perfeito apenas para ela, que transfere para ele a responsabilidade pelo complemento daquilo que falta ela, seja como esposa, seja como mulher. Um sujeito que se encaixa nos horários, nos locais, nos gostos e nas preferências dela. Um cara que, ainda que contra a vontade, acaba sendo o objeto dos sentimentos mais fortes dela; tanto que ele passa a ser a primeira informação que o cérebro acessa quando se pensa em gostar e em desejar.

Aí mora o ponto de incômodo para o amante, justamente no momento em que passa a ser cobrado dele um conjunto de deveres que cabíveis apenas ao marido: da mensagem breve ao longo discurso, do restaurante ao quarto, da mesa à cama, da lembrança ao presente. Aí, de amante perfeito, ele passa a se ver como alguém no momento perfeito de saltar da embarcação, porque, parafraseando Vinícius: fez de marido o que se fez amante.

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