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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Apenas aguenta



Esse mineiro Milton Nascimento não é mineiro. É, na verdade, carioca, nascido em 1942. Mas, com dois anos de idade, perdeu sua mãe e acabou sendo educado por sua tia, que era professora de música, e o marido dela, que era dono de uma estação de rádio em Minas Gerais. Daí parecia estar selado o futuro do rapaz. Tornou-se simplesmente genial em suas composições de versos diretos, enxutos e contundentes - tal qual a poesia de outro mineiro (esse, sim): Drummond.

Minha primeira lembrança de Milton remonta ao ano de 1977, quando vim morar em São Paulo com minha mãe, depois de ter passado 3 anos em Minas Gerais, sob responsabilidade de meus avós e tias. Pois naquela vilinha em que morávamos na Rua Frei Gaspar, na Mooca, uma vizinha sempre ouvia (alto, como não poderia deixar de ser) diversas músicas e, entre elas, "Travessia" - música com a qual, 10 anos antes, Milton conquistara o segundo lugar no Festival Internacional da Canção. Essa música representa várias travessias para mim. Mas vou falar de "Travessia" amanhã. Hoje, não.

A segunda forte lembrança que tenho de Milton marcando minha vida já é da época em que fazia teatro. Lembro da gente apresentando peça em Bauru-SP. A certa altura da peça, com o elenco todo no palco, cantávamos "Maria Maria" com tanta emoção, que a plateia passava a nos acompanhar. De um ponto para frente, passamos a cantar apenas o trecho "De uma gente que ri quando deve chorar, e não vive, apenas aguenta". E o repetíamos. E o repetíamos...

Depois de repetirmos à exaustão e a plateia entender que tínhamos um propósito naquilo, todos no teatro passaram a repetir aqueles versos: "De uma gente que ri quando deve chorar, e não vive, apenas aguenta". Não tardou muito para a catarse começar a acontecer. Aos poucos lágrimas pediam licença para descer pelas faces de uns; outras saltavam vorazes querendo fazer-se vistas; outras ainda tentaram se esconder inutilmente face à força dos versos cantados. Por certo, sentiram a "dose mais forte e lenta" de quem "mistura a dor e a alegria".

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