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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ao mirante

Noite de Almirante é um dos muitos contos intrigantes de Machado de Assis. Ali, aquele que é considerado o melhor escritor da nossa Língua prova mais uma vez por que é mais do que merecedor de toda essa admiração e todo esse reconhecimento. É bem verdade que cada conto é um conto e encerra um todo em si mesmo. Mas não se pode esquecer que em todos eles, assim como em seus romances, esse gênio das palavras move e re-move a alma humana.

No conto, a ideia de "noite de almirante" é a de uma noite excelentemente bem vivida, ao lado de quem se gosta, fazendo o que se gosta, projetando a durabilidade e a estabilidade de um bom momento. Todavia, o que se vê ali é uma mudança grande de perspectiva; vê-se que os planos são trocados e que a proposta de futuro pode ser reajustada, pode ser remodelada, pode ser alterada para um lado diametralmente oposto. 

O enredo mostra Genoveva tomando uma decisão que altera radicalmente um juramento que fez, invocando a Deus e jogando com a própria vida. Se, por um lado, Deolindo manteve sua promessa até o último momento, por outro, isso não aconteceu com Genoveva. A mudança de planos feita por ela abalou tanto ao, então, amado, que este se viu obrigado a mentir para os amigos, curiosos de saber como foi a noite dele. Disse-lhes que realmente tivera noite de almirante.

De fato, uma decisão é DE-CISÃO. Vê-se claramente ali uma cisão com o futuro traçado. Vê-se ali a fragilidade das promessas, a volatilidade das juras de amor, a eficácia e a força da vontade diante daquilo que realmente se quer. Mostra-se ali que as palavras têm peso diferente para pessoas diferentes. Escancara-se que as palavras têm pesos diferentes para a mesma pessoa em momentos diferentes. Dessa forma, muitas vezes, uma magnífica noite de almirante torna-se uma simples noite ao mirante.

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