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domingo, 18 de agosto de 2013

Alguém pra se lembrar

"Não tenho muito tempo. Tenho medo de ser um só. Tenho medo de ser só um alguém pra se lembrar", canta Fernandinha Takai, que eu adoro. Já a citei aqui em algumas oportunidades. Sua voz frágil e delicada, suas composições simples e aprofundadas... tantas coisas em que ela faz lembrar a Nara Leão... tudo isso me faz ter muito gosto ao ouvi-la. Tanto no Pato Fu, quanto em seus CDs solo, é sempre muito agradável.

Saía da casa da minha mãe hoje, onde sempre almoço dominicalmente. Depois de tudo, de conversar, almoçar, brincar com meu sobrinho, minha irmã e meu cunhado; depois de ver tios e primos, era preciso voltar pra casa. Afinal, o supermercado ainda me esperava e todas as obrigações normais de casa. Nos despedimos todos e nos desejamos ótimo final de semana. Boas lembranças deste dia.

Ao lado da casa da minha mãe funcionam alguns estabelecimentos comerciais. Dentre eles, um buffet infantil onde sempre tem festa. É assim todo domingo. Desta vez, enquanto passava à frente do buffet, notei um senhorzinho saindo do carro para a festa. Claramente ele não me viu nem viu que eu o vi. Vi a ele e suas rugas, vi as manchas depositadas em seu rosto, vi a dificuldade de seus movimentos, apoiando-se com cuidado e, visivelmente, com dor.

Achei muito bonito. Nada daquilo que poderia ser impeditivo de ele ir à festa da criança, conseguiu detê-lo. Seria seu neto? Sobrinho neto? O que seria, não importa. O que importa para aquela criança felizarda é o fato de o cansaço daquele velhinho, suas muitas marcas de expressão no rosto, suas mãos cansadas, sua expressão de dor... enfim: o que realmente importa é que nada disso o tenha impedido de ir à festa e fazer parte das lembranças daquela criança e de muitos que ali estavam. E de um sujeito que nunca mais o verá. Eu.


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