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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Then easy, Barrichelo



Certa vez, quando estava em plena avaliação da Defesa de Mestrado de uma aluna na PUC-SP, ao encaminhar o final da minha arguição, quis dar um conselho à candidata. Minha intenção era dizer a ela que, muitas vezes, as pessoas não conseguem vencer as barreiras do olhar limitado e, por isso, não vislumbram o esforço tantas vezes sobre-humano que às vezes fazemos para realizar algo. Desse ponto de vista, tornam-se ferrenhas críticas e capazes de atirar pedras para um telhado frágil como vidro.

Comovido, disse-lhe isso por meio de uma metáfora presente na música de Maria Bethânia (A força que nunca seca), na qual ela diz que muitas vezes não percebemos o corpo torto da mulher que carrega água na cabeça. Vemos apenas que água lhe escapa da lata. Daí a criticar alguma incompetência dela é muito fácil. O difícil é valorizar o tamanho esforço do corpo que redobra suas forças para conseguir um pouco de água. Água que poderá saciar a fome de seus filhos ou cuidar da limpeza da casa, das louças, roupas etc.

À nossa volta há inúmeras pessoas que andam metaforicamente com os corpos desalinhados, com sua coluna em escoliose. Independentemente disso, a despeito do cansaço que insiste em saltar das latas que carregam e em se impregnar no seu semblante, firmemente respiram fundo, estampam um sorriso no rosto ou uma gargalhada, alinham o corpo cansado... e, heroicamente seguem.

Esta semana foi pródiga em mostrar isso. Do primeiro ao último dia de um evento voltado para o trabalho com a linguagem, coordenando dezenas de pessoas oriundas das mais diversas regiões do Brasil, vi duas moças de espírito riquíssimo e de corpos e inteligência capazes de realizar 13 Trabalhos de Hércules, a fim de trazer água com saber e com sabor para tantos de nós que precisávamos cuidar da limpeza de nossa casa acadêmico-profissional. Nada de "Then easy", por que não foi nada fácil. Nada de Rubens Barrichelo, pois vamos, no nosso próprio tempo, aprendendo com elas. 

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