Não são muitos os sonhos que tenho. Pelo menos, não os grandões. Já os pequenos, ah... esses são bastantes. Um deles é o de poder realizar o suficiente para o momento, investindo menos tempo. Ao longo da nossa vida, com ajuda de muita gente, fomos nos capacitando para fazer certas coisas que passaram a ser meios pelos quais nosso tempo era consumido como a comida no prato de um faminto.
Quantas férias já nos prometemos para arrumar nosso próprio escritório em casa. Nesse tempo todo, ele passou rapidamente de um agradável espaço de trabalho em casa para um lugar em que foi sendo depositada uma infinidade de livros e papéis avulsos. Como de ilusão também se vive (um pouco), iludimo-nos afirmando que sabemos onde está cada coisa ali dentro. Em breve, a mesa de minha sala vira espaço também de trabalho. E, se ela for grande...
Precisamos urgentemente arrumar um tempo para arrumar o tempo. Embora saibamos que o que come a comida do prato do tempo é a voracidade da urgência, há coisas que ocorrem como fruto do imponderável, coisas que inesperadamente se jogam sobre nós e nos obrigam a empurrar para o lado o que estava previsto, a fim de serem assumidas como prioridades. E como tais, elas se imbricam em outras e em outras e em outras... Tanto, que quando voltamos a retomar o que estava planejado, isso já está tão acumulado que se torna outra urgência. E assim...
Só não podemos mesmo perder tempo deixando de investir no tempo que deveríamos dar a nós mesmos. Sabemos disso. Todos sabemos. No entanto, poucos são aqueles que conseguem tal feito. Ah...como eu admiro essas pessoas. Muitas vezes me pego ignorando tempo para mim mesmo e para as coisas e pessoas de que gosto. Nesta semana, por exemplo, fiquei dois dias sem escrever aqui: uma falta danada me faz - assim como faz falta arrumar meu escritório e minha mesa aqui em casa, bem como as demais coisas que tenho planejado.
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