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terça-feira, 15 de abril de 2014

O tempo dirá



Um poema erroneamente atribuído ao escritor argentino Jorge Luis Borges, chamado Instantes, revela uma pessoa que, aos 85 anos, percebendo-se cega e já no fim da vida, nota um alto grau de arrependimento em relação às coisas que deixou de fazer, como brincar com crianças, andar na chuva, dar mais atenção aos problemas reais e menos aos imaginários... Enfim, à beira da morte, lamenta-se pelo que não fez.

De igual teor foi a conversa com uma professora hoje, na descida da escadaria da escola, rumo à sala dos professores. Dizia ela que deveria ter estudado mais e desenvolvido mais hábitos de leitura enquanto era jovem. Isso, segundo ela, teria diminuído a dificuldade que ela tem hoje em lidar com a carga de leitura e escrita em sua pós-graduação. Disse a ela que esse é o tipo de coisa que ela só tem condição de pensar agora. Àquela época, suas prioridades eram outras e seu pensamento era imediatista. Os momentos têm de ser respeitados. As escolhas feitas só podem ser interpretadas à luz de seu próprio contexto.

O último atendimento que fiz no escritório hoje foi bom por um lado, mas decepcionante por outro. Bom, porque pude ensinar o garoto a fazer definições. Ele não conseguia construir definições para espaço, paisagem e território. Essa foi a parte boa. A ruim foi quando ele me mostrou o boletim do primeiro trimestre. Não houve sequer uma matéria em que tenha sido aprovado. Já o havia alertado para este perigo com alguma frequência, uma vez que não me trazia a agenda de estudos individuais - na qual pelo para registrar o que já aprendeu e o que ainda tem dificuldades.

Não o fez. Não pôde, portanto, administrar sua aprendizagem, de modo a tornar-se responsável por ela e sujeito dela. Pudera, tem 12 anos. Não tem 85, não está cego nem à beira da morte. Não está em curso de pós-graduação. Não tem ainda condições de perceber que está deixando de fazer algo que poderia torná-lo mais capaz, mais eficiente, mais eficaz. Mas quem disse que ele o quer? Pode ser erro meu imaginar que ele deveria fazer o que sugeri. Pode ser que não. Quem sabe? O tempo o fará dizer. Ou não.

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