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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Entre as nuvens e o chão




Gosto quanto ouço Raul. Sempre gosto, aliás. Não importa se as músicas de deboche, ou as de protesto ou quaisquer outras. Respeito Raul. Hoje estou com dois versos dele na cabeça: "Eu é que não me sento no trono de um apartamento, esperando a morte chegar" e "Eu tenho uma porção de novas pra conseguir e eu não posso ficar aí parado". Ambos da música Ouro de Tolo. Aliás, juntamente com Gita, esta foi a primeira música que ouvi do Raul, quando ainda era menino com menos de 10 anos em Janaúba. Àquela época, eu estendi meus braços. A vida já me dizia desde os meus 4 anos que eu não poderia ficar ali parado. 

Tenho para mim que os desafios, os desejos de saltos maiores, os cumes de montanhas cada vez mais altas... são as motivações da nossa vida. Sem essas asas de borboleta batendo dentro da gente, abre-se a possibilidade de se viver sob a sombra copada das árvores frondosas, fixas em terra. Nada mal para quem não tem borboletas na barriga nem asas nos pés. Pode ser diferente. Com a cabeça nas nuvens, sem perder os pés do chão. Assim vivem, imagino, os sonhadores - aqueles que alçam voos maiores, que percorrem quilômetros a mais. Para o alto e avante - embora ninguém seja super-homem.

Aliás, a sensação que me dá é exatamente a de que nenhum de nós é super-homem. Nenhum de nós se alimenta de criptonita, não levanta aeronaves, não sobe a alturas incomensuráveis... e, muito menos, sai por aí com uma cueca vermelha sobre a calça justa e azul. Nenhum de nós é louco, imagino. Disso decorre minha visão inversa desse mesmo pensamento: ao preferirmos um voo mais alto, abraçamos a implicação de deixar outras coisas. Sim, porque preterir implica preferir. Homem e criança entram em peleja.

A gente se prepara para o voo e troca olhares com ele. Ele mostra suas vantagens, seus perigos, e nos convida, como quem diz: obrigado a vir você não é, mas, se quiser, venha. Daí a ilusão de super-homem diz: vamos! E, logo após, é seguido por uma voz de criança que sabe do tamanho de seus braços. Assim, ficamos entre o adulto e a criança. E o que é interessante é que a criança estará presente em ambas as decisões: se ficar, reconheceu o tamanho dos braços e se conformou a isso. No entanto, se for, ela estará presente precisando aprender tudo da nova situação e acrescentar isso ao tamanho de seus braços.

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