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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Páscoa passa



Do hebraico Pessach; do aramaico pashā; do grego paskha e do latim pascua, esta palavra chegou à nossa língua no século XIII por meio da tradição cristã que se intensificou tanto quanto (ou até por meio da) língua portuguesa que, então, florescia. Ao longo desses anos todos, seu sentido foi se mudando. E mudou tanto, que hoje dificilmente os mais jovens a associam à ressurreição de Cristo. Mudam-se os tempos, mudam-se as palavras, mudam-se os sentidos, mudam-se as práticas.

A Páscoa significa originalmente a celebração pela liberação do povo hebreu das mãos do faraó. Na verdade, essa libertação está ligada à morte de muitos primogênitos (humanos e animais) e a conflitos vitais na busca de um novo estado. Dessa forma, a origem do termo está ligada à passagem. Daí exatamente a etimologia da palavra páscoa (pessach). Era, pois um momento de passagem. Tão passagem quanto a de Cristo que, por meio da ressurreição, teria recobrado a vida em um outro estado de existência.

Nos nossos dias, o primeiro sentido está totalmente esquecido - salvo os redutos altamente religiosos em que esse conhecimento é cultivado. Dos pães ázimos que os hebreus comiam; passando pelo pão, peixe e vinho que celebram a Páscoa cristã; chegando aos ovos de chocolate que marcam esta data (trocando a figura do Cristo pela de um coelho), os sentidos estão bastante alterados. Isso, em si, não é melhor ou pior (embora, particularmente, eu considere a perda da história sempre algo muito significativo). É diferente, apenas.

Do ponto de vista pessoal, por ser uma data marcante em nossa sociedade, a Páscoa marca celebração de conquistas (acadêmicas, profissionais, pessoais), de encontros, de geração de vida. Para outros, no entanto, ela pode remeter a perdas (acadêmicas, profissionais, pessoais). Se, por um lado, ela pode estar ligada à vitória sobre a morte - como vivenciaram os judeus e cristãos -, por outro, ela pode estar ligada à experiência própria da morte - como vivenciaram os politeístas egípcios. O que dizer dos que hoje vivem - sem ser judeu, cristão, politeísta...? Dizer apenas que vivem a Páscoa conforme o mais pessoal e egocêntrico dos sentimentos. Talvez a Páscoa signifique uma libertação momentânea dos dias de trabalho.

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