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sábado, 22 de março de 2014

Sapato velho



Lembrei hoje de um comentário que uma moça, jovem, fez certo dia. "Nossa, tem uma banda nova aí bem legal! Chama Roupa Nova". Pensei comigo se comentaria ou não seu equívoco. Achei que seria deselegante e decidi falar apenas se ela quisesse saber. Como não quis, conversamos sobre as músicas desta "nova" banda. Uma música especial havia chamado a atenção desta moça: Sapato Velho. Como eu lhe disse que há tinha ouvido a música, pudermos conversar um pouco sobre a letra.

A música fala de uma pessoa que mudou de posição radicalmente. De alguém que "tinha estrelas nos olhos e jeito de herói; de alguém que era mais forte e veloz que qualquer mocinho de cowboy", aos poucos, torna-se  alguém que passou a ser "simplesmente como um sapato velho". Daí eu e a moça passamos a conversar sobre o fato de se ser um sapato velho, dentro, é claro, das condições aparentemente favoráveis que relatávamos naquele momento. E até que não eram poucas as funções do sapato velho. Entre as mais usuais, nos ativemos em duas.

Eliminar a vida de insetos indesejados, sem se importar se o corpo do morto vai ou não sujar o solado do sapato. Afinal, quando é velho, a gente não importa mais. Outra função: prender a porta, para ela não bater. Para isso, o colocamos entre o fim da porta e o chão ou entre a porta e o batente. Quando o sapato é assim, a gente não liga se vai estragar a tinta ou o formato dele. O foco nesta hora está em acabar com o incômodo da porta. O sapato é secundário. Ou mais. Quer dizer: ou menos.

Claro que continua sendo um sapato, embora velho. Porém, em sua função primeira, ele não atua mais como tal. Sua atuação está alocada em outras funções. Quando se lembra dele é para as novas funções que a velhice lhe atribuiu. De vez em quanto, na ausência absoluta dos que ocupam a posição de novidade, basta que este sapato velho seja calçado para que ele volte a aquecer os frio dos pés de quem o trocou. Enquanto na cabeça do sapato velho, ele está se vendo como multitarefa, útil para tudo, na mente de quem o trocou, ele está sendo visto como quebra-galho de umas coisas, ou como última opção para outras.

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