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terça-feira, 4 de março de 2014

Risos



Muitas vezes o inusitado é um dos grandes responsáveis por situações embaraçosas que deixam a gente numa saia justa da qual pode ser difícil sair. Outras deixam a gente tão confuso que não sobra nenhuma ação: apenas aquela cara de quem está dividindo 268 por 13. Sem calculadora. Agora há pouco tinha um garoto vizinho cantando Jingle Bells.

Eu, que estava vendo a notícia da vitória da Mocidade Alegre no Carnaval de São Paulo, fiquei... não sei o que eu fiquei. Perplexo, talvez. Estupefato. Surpreso. Fiquei o quê, meu Deus?? Não deu outra: depois de eu ser resgatado desse estado de confusão mental, me entreguei ao riso como o passista se entrega ao samba e curte a música, o movimento e tudo o mais. Foi o que fiz: sentei-me e ri, ri de soluçar. Mas não é sempre que se ri de inusitados.

Aprendi na época do doutorado que o riso é o mais poderoso gesto de punição social. Esta é provavelmente a razão das piadas que a gente conta, em geral, ridicularizando algo ou alguém que num gestou ou ação inusitada deu razão para ser objeto de riso. Assim rimos. Dos outros. Outros povos. Outras pessoas. Outras situações das quais não participamos. Rimos para punir, porque enquanto rio do outro mostro-me superior. Mas normalmente não rio de algo que diga respeito a mim nem de alguém próximo a mim. 

Sem dúvida, rir dos próprios erros é uma das formas de estar superiormente colocado em relação aos erros ou aos defeitos. Afinal, agir dessa forma é melhor do que ficar remoendo as falhas e causando sofrimento a si próprio. Mas trata-se de risos diferentes. Um é um riso de desforra, de quem pune o diferente, o inusitado que expõe uma falha. Outro é um riso de autossuperação, de autoapoio. De modo que rir, apesar de ser uma das melhores coisas da vida, nem sempre é o melhor remédio.

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